terça-feira, 26 de outubro de 2021

A HISTÓRIA NÃO VOS ABSOLVERÁ

 Não sabemos ainda como vai acabar, no meio das referências às portas abertas parecem estar fechadas as portas aos acordos e o orçamento será chumbado.

Confesso que tenho alguma dificuldade em entender que tal aconteça, mas ouvindo os intervenientes directos nas negociações (será que são negociações) a coisa ainda fica mais complicada de se perceber.

Se tentar entender o que do ponto de vista dos envolvidos nestas decisões está em jogo, creio que ninguém ganhará e muita gente sem voz nas discussões poderá perder.

Não tenho competência nem quero substituir analistas políticos, comentadores, opinadores e demais politólogos, mas duas ou três coisas me parecem claras caso como Marcelo Rebelo de Sousa afirmou, sem orçamento aprovado seja imediatamente desencadeado o processo que culmina com eleições antecipadas.

Sem ordenar, em caso de eleições o PS pode voltar a ganhar sem maioria absoluta, parece o mais provável, o que volta a solicitar entendimentos à esquerda pois não parece expectável o regresso ao Bloco Central. Se assim acontecer, foi tempo perdido e sem resultados, voltamos ao início do filme.

O PSD, isolado ou em coligação, vá lá saber-se com quem face ao que se vai ouvindo, ganha as eleições sem maioria absoluta o que, sendo obviamente possível parece menos provável apesar da retórica do candidato Paulo Rangel. Aliás, este candidato acha que é a "irresponsabilidade" do PS que criará a crise pelo que, depreendo, Paulo Rangel "preferirá" a "geringonça" reforçada. Estranho! Ou talvez não. Neste cenário, vitória do PSD ou de uma coligação liderada pelo PSD será curioso assistir à “negociação” de BE e PCP de um OGE com estes vencedores. No caso da vitória do PS e de uma provável baixa de votação. No caso de uma vitória do PS que exija negociações voltaremos ao princípio do filme.

No caso da vitória do PSD ou de uma coligação liderada pelo PSD será curioso assistir à “negociação” de BE e PCP de um OGE com estes vencedores. 

Parece-me ainda bastante provável que PCP e BE saiam bastante “chamuscados” deste processo pois parece ainda presente, mesmo que não queiram pagarão também os custos do não acordo. E retornarão ao que parece ser a sua vocação e zona de conforto, protestar sem assumir os encargos da governação que, em democracia, exigem negociação. 

Aliás, no caso da vitória do PSD ou de uma coligação liderada pelo PSD será curioso assistir à “negociação” de BE e PCP de um OGE com estes vencedores. Voto contra, é claro, e assim ficam trancados num contrismo que pouco beneficiará o "povo" ou o "país" como também se usa.

Fico, pois sem perceber o que verdadeiramente sustenta esta situação. Não sou simpatizante fidelizado de nenhum dos partidos potencialmente signatários do acordo que se peocura o que não obsta a que tenha um posicionamento de natureza ideológica, sim ideológica, que me faça assumir a necessidade e a esperança num caminho diferente do que tivemos com PSD e CDS-PP na governação.

As dificuldades internas e externas serão imensas e muita gente deseja também um falhanço deste acordo, é ouvir e ler como se esforçam nesse sentido. É interessante assistir ao voo dos abutres por cima de tudo isto, os seus discursos na imprensa em que se abrigam são patéticos.

O caminho é difícil, os obstáculos e armadilhas são muitos e grandes, a margem de erro é estreita, mas não podem falhar na construção e manutenção de uma outra via mais amigável para as pessoas. É esse o sentido da mudança necessária.

Não podem falhar por responsabilidade vossa.

A história não vos absolverá.

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