Não sabemos ainda como vai acabar, no meio das referências às portas abertas parecem estar fechadas as portas aos acordos e o orçamento será chumbado.
Confesso que tenho alguma dificuldade em entender que tal
aconteça, mas ouvindo os intervenientes directos nas negociações (será que são
negociações) a coisa ainda fica mais complicada de se perceber.
Se tentar entender o que do ponto de vista dos envolvidos
nestas decisões está em jogo, creio que ninguém ganhará e muita gente sem voz nas
discussões poderá perder.
Não tenho competência nem quero substituir analistas políticos, comentadores, opinadores e demais politólogos, mas duas ou três coisas me parecem claras caso como Marcelo Rebelo de Sousa afirmou, sem orçamento aprovado seja imediatamente desencadeado o processo que culmina com eleições antecipadas.
Sem ordenar, em caso de eleições o PS pode voltar a ganhar sem maioria absoluta,
parece o mais provável, o que volta a solicitar entendimentos à esquerda pois
não parece expectável o regresso ao Bloco Central. Se assim acontecer, foi tempo perdido e sem
resultados, voltamos ao início do filme.
O PSD, isolado ou em coligação, vá lá saber-se com quem face ao que se vai ouvindo, ganha as eleições sem maioria absoluta o que, sendo obviamente possível parece menos provável apesar da retórica do candidato Paulo Rangel. Aliás, este candidato acha que é a "irresponsabilidade" do PS que criará a crise pelo que, depreendo, Paulo Rangel "preferirá" a "geringonça" reforçada. Estranho! Ou talvez não. Neste cenário, vitória do PSD ou de uma coligação liderada pelo PSD será curioso assistir à “negociação” de BE e PCP de um OGE com estes vencedores. No caso da vitória do PS e de uma provável baixa de votação. No caso de uma vitória do PS que exija negociações voltaremos ao princípio do filme.
No caso da vitória do PSD ou de uma coligação liderada pelo PSD será curioso assistir à “negociação” de BE e PCP de um OGE com estes vencedores.
Parece-me ainda bastante provável que PCP e BE saiam
bastante “chamuscados” deste processo pois parece ainda presente, mesmo que não
queiram pagarão também os custos do não acordo. E retornarão ao que parece ser a
sua vocação e zona de conforto, protestar sem assumir os encargos da governação
que, em democracia, exigem negociação.
Aliás, no caso da vitória do PSD ou de uma coligação liderada pelo
PSD será curioso assistir à “negociação” de BE e PCP de um OGE com estes
vencedores. Voto contra, é claro, e assim ficam trancados num contrismo que pouco beneficiará o "povo" ou o "país" como também se usa.
Fico, pois sem perceber o que verdadeiramente sustenta esta
situação. Não sou simpatizante fidelizado de nenhum dos partidos potencialmente
signatários do acordo que se peocura o que não obsta a que tenha um
posicionamento de natureza ideológica, sim ideológica, que me faça assumir a
necessidade e a esperança num caminho diferente do que tivemos com PSD e CDS-PP na
governação.
As dificuldades internas e externas serão imensas e muita
gente deseja também um falhanço deste acordo, é ouvir e ler como se esforçam
nesse sentido. É interessante assistir ao voo dos abutres por cima de tudo isto, os seus discursos na imprensa em que se abrigam são patéticos.
O caminho é difícil, os obstáculos e armadilhas são muitos e
grandes, a margem de erro é estreita, mas não podem falhar na construção e
manutenção de uma outra via mais amigável para as pessoas. É esse o sentido da
mudança necessária.
Não podem falhar por responsabilidade vossa.
A história não vos absolverá.
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