Desculpem lá insistir.
Em Fevereiro de 2020 lia-se no Público que o Governo tinha
até Junho para alterar a portaria dos rácios que determinam o número de
auxiliares de educação (não gosto de assistentes operacionais) em escolas e
agrupamentos conforme estava previsto no OGE para este ano.
Em Outubro de 2020 lê-se no Público que a portaria que
determina os rácios vai ser revista para permitir que no OGE para 2021 se
acomode a contratação de 3000 funcionários.
Será desta?
Apesar das medidas entretanto tomadas apesar da não
alteração da portaria falta de auxiliares de educação é um problema
recorrentemente referido por direcções escolares, professores e pelo ME.
Não podemos assistir a esta narrativa de um processo sem fim
de revisão da portaria dos rácios
Mais uma vez, os auxiliares de educação, insisto na
designação, desempenham e devem desempenhar um importante papel educativo para
além das funções de outra natureza que também assumem e que exige a adequação
do seu efectivo, formação e reconhecimento. No caso mais particular de alunos
com necessidades educativas especiais e em algumas situações serão mesmo uma
figura central no seu bem-estar educativo, ou seja, são efectivamente
auxiliares de acção educativa. A situação que atravessamos potencia a importância
do seu trabalho e da sua presença em número suficiente e com estabilidade.
Seria desejável que a gestão desta matéria considerasse as
especificidades das comunidades educativas e não se seguissem critérios cegos
de natureza administrativa que são parte do problema e não parte da solução. É,
por isto, importante que se reveja a portaria e não pode esperar-se
infinitamente.
Para além da variável óbvia, número de alunos, é necessário
que se contemplem critérios como tipologia das escolas, ou seja, o número de
pavilhões, a existência de cantinas, bares e bibliotecas e a extensão dos
recreios ou a frequência de alunos com necessidades especiais.
Como ontem sublinhava numa intervenção no Sociedade Civil da
RTP 2, actualmente e mais do que nunca os auxiliares de educação desempenham e
devem desempenhar um importante papel educativo para além das funções de outra
natureza que também assumem e que exige a adequação do seu efectivo, formação e
reconhecimento. No caso mais particular de alunos com necessidades educativas
especiais e em algumas situações serão mesmo uma figura central no seu
bem-estar educativo, ou seja, são efectivamente auxiliares de acção educativa.
Os auxiliares educativos cumprem por várias razões um papel
fundamental nas comunidades educativas que nem sempre é valorizado incluindo na
estabilidade da sua contratação e formação.
Com frequência são elementos da comunidade próxima das
escolas o que lhes permite o desempenho informal de mediação entre famílias e
escola, têm uma informação útil nos processos educativos e uma proximidade com
os alunos que pode ser capitalizada importando que a sua acção seja orientada,
recebam formação e orientação e que se sintam úteis, valorizados e respeitados.
Os estudos mostram também que é nos recreios e noutros
espaços fora da sala de aula que se regista um número muito significativo de
episódios de bullying e de outros comportamentos socialmente desadequados.
Neste contexto, a existência de recursos suficientes para que a supervisão e
vigilância destes espaços seja presente e eficaz. Recordo que com muita
frequência temos a coexistir nos mesmos espaços educativos alunos com idades
bem diferentes o que pode constituir um factor de risco que a proximidade de
auxiliares de educação minimizará.
Considerando tudo isto parece essencial o contributo dos
auxiliares de educação para a qualidade dos processos educativos. Assim, é
imprescindível a sua presença em número suficiente, que se mantenham nas
escolas com estabilidade e que sejam formados, orientados e valorizados na sua
importante acção educativa.
Qual será a parte que não se compreende?
A falta de auxiliares de educação, evidentemente.
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