Acompanhando a subida significativa de estudantes no ensino
superior foi agora divulgado que entraram 753 alunos vindos do ensino
profissional e artístico que se inscreveram em perto de 500 cursos.
Como escrevi há algumas semanas escapa-me a reserva e desvalorização
desta subida expressas em alguns discursos. A qualificação é um bem de primeira
necessidade, não existe qualificação mais, existe desenvolvimento a menos que
inibe a absorção de mão-de-obra mais qualificada.
Como sempre tenho dito, entendo que o processo de acesso ao
superior deveria ser revisto, mas também entendo como positiva a existência de
múltiplas vias de acesso a formação de ensino superior desde que reguladas e
transparentes
Agora importa responder adequadamente aos desafios que este
aumento de alunos coloca, novas exigências de qualidade nos processos de
formação e nos recursos disponíveis, mas mais uma vez é o que se espera de
políticas públicas adequadas.
Face às reservas sobre a “tipologia” e conhecimentos dos
alunos quando entram e como entram, interessa-me mais as competências e saberes quando saem considerando a múltipla oferta no ensino politécnico e universitário. Mais uma vez me lembro que quando entrei no superior tinha
"estatuto" de aluno de baixo rendimento, era pouco interessado na generalidade
das matérias do secundário, cumpria serviços mínimos e carregava na mochila
muitas negativas e um “chumbo” pelo meio, sem esquecer alguns interesses e
actividade indesejáveis na altura. No superior, no curso que queria, as minhas
notas subiram e após uma carreira profissional acabada formalmente há pouco
acho que não estive mal, passe o juízo em causa própria.
E para que os que agora entram acabem e acabem com boa
formação precisamos de garantir os recursos em termos de apoios sociais que
previnam o abandono, as famílias portuguesas são das que maiores custos
suportam com a frequência de ensino superior.
Precisamos de equipas docentes e de investigação renovadas e
competentes no ensino politécnico e universitário, público e privado.
Precisamos de investimento no ensino superior e na sua
frequência que seja o garante da qualidade da formação e, portanto, do futuro.
Parece-me ainda, talvez fruto de algum irrealismo ou falta
de “pragmatismo”, que o conhecimento é construído com as pessoas e para as
pessoas. Neste sentido, insisto na ideia de que em todos os cursos de ensino
superior deveriam existir créditos obrigatórios para áreas como ética e
filosofia.
Os dias que vivemos e a forma como a ciência é tantas vezes
(des)tratada sublinham este entendimento e um dia, creio, assim será.
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