As referências ao PISA, (Programme for International Student Assessment), reentraram na agenda com a divulgação do quinto pela OCDE, “Effective Policies, Successful Schools”,
elaborado com dados recolhidos no PISA de 2018. Entre os que merecem reflexão e
são importantes para relacionar com outros dados agora conhecidos uma primeira
nota para voltar a sublinhar o desempenho dos estudantes portugueses de 15
anos.
Dos 79 sistemas de educação
analisados apenas sete registaram melhorias na literacia em leitura, matemática
e ciências ao longo da sua participação, o primeiro PISA realizou-se em 2000 e Portugal
é o único país da OCDE em que tal acontece, está acima da média da OCDE embora se
tenha verificado um aumento de 15% na despesa pública da educação dos países
que a integram.
Algumas notas que já tinha
divulgado quando se conheceram os resultados.
Em primeiro lugar o entendimento de
que a existência de avaliação externa nos sistemas educativos é uma ferramenta
imprescindível de regulação e promoção da sua qualidade embora, só por si, não
a garantam. Esta avaliação externa pode ser realizada em diferentes patamares e
dispositivos de que exames, provas de aferição ou estudos comparativos
internacionais de desempenho dos alunos como o PISA ou o TIMSS são exemplos.
Nesta perspectiva é sempre com
interesse que se aguardam resultados destes dispositivos que, no entanto e do
meu ponto de vista, também solicitam prudência nas conclusões.
Relativamente a 2018 e em síntese
telegráfica do desempenho dos alunos, globalmente verifica-se estabilidade no
progresso que tem vindo a verificar-se em sucessivas edições em leitura e
matemática e o abaixamento verificado em Ciências não parece significativo
ainda que, naturalmente, mereça atenção.
Mais preocupante é a manutenção
do peso das “mochila” sociodemográfica dos alunos no seu desempenho, ou seja,
os alunos de famílias com menos recursos e qualificação continuam com
desempenho médio muito baixo, apenas 10% atingem níveis elevados. Também me
parece relevante, para além da manutenção de níveis elevados de retenção, os
dados relativos aos hábitos de leitura e à forma como os alunos percebem as
aulas e o clima de aprendizagem quer nos aspectos mais positivos, quer nos
menos bons.
Não me parece pertinente entrar
na habitual e inconclusiva discussão sobre a paternidade dos resultados. Como
já tenho afirmado, a única ilação segura que se pode retirar é que o trabalho
de alunos e professores tem sido melhor sucedido, embora com níveis de retenção ainda elevados, apesar de políticas públicas
mais ou menos amigáveis em diferentes aspectos.
Aliás, é interessante registar
que as avaliações menos positivas deste relatório no que diz respeito a
Portugal são dimensões que decorrem justamente das políticas públicas e das
opções de quem as decide.
De facto, das fragilidades
identificadas no relatório releva em primeiro lugar a falta de pessoal não
docente e também a insuficiência dos equipamentos informático e de plataformas de
ensino online e acesso rápido e eficaz à internet e a falta de equidade.
Parece assim que os alunos e
docentes vão fazendo a parte que lhes compete, mas nem com todos os actores tal
se verifica.
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