quinta-feira, 1 de outubro de 2020

O PISA DE NOVO NA AGENDA

 

As referências ao PISA, (Programme for International Student Assessment), reentraram na agenda com a divulgação do quinto pela OCDE, “Effective Policies, Successful Schools”, elaborado com dados recolhidos no PISA de 2018. Entre os que merecem reflexão e são importantes para relacionar com outros dados agora conhecidos uma primeira nota para voltar a sublinhar o desempenho dos estudantes portugueses de 15 anos.

Dos 79 sistemas de educação analisados apenas sete registaram melhorias na literacia em leitura, matemática e ciências ao longo da sua participação, o primeiro PISA realizou-se em 2000 e Portugal é o único país da OCDE em que tal acontece, está acima da média da OCDE embora se tenha verificado um aumento de 15% na despesa pública da educação dos países que a integram.

Algumas notas que já tinha divulgado quando se conheceram os resultados.

Em primeiro lugar o entendimento de que a existência de avaliação externa nos sistemas educativos é uma ferramenta imprescindível de regulação e promoção da sua qualidade embora, só por si, não a garantam. Esta avaliação externa pode ser realizada em diferentes patamares e dispositivos de que exames, provas de aferição ou estudos comparativos internacionais de desempenho dos alunos como o PISA ou o TIMSS são exemplos.

Nesta perspectiva é sempre com interesse que se aguardam resultados destes dispositivos que, no entanto e do meu ponto de vista, também solicitam prudência nas conclusões.

Relativamente a 2018 e em síntese telegráfica do desempenho dos alunos, globalmente verifica-se estabilidade no progresso que tem vindo a verificar-se em sucessivas edições em leitura e matemática e o abaixamento verificado em Ciências não parece significativo ainda que, naturalmente, mereça atenção.

Mais preocupante é a manutenção do peso das “mochila” sociodemográfica dos alunos no seu desempenho, ou seja, os alunos de famílias com menos recursos e qualificação continuam com desempenho médio muito baixo, apenas 10% atingem níveis elevados. Também me parece relevante, para além da manutenção de níveis elevados de retenção, os dados relativos aos hábitos de leitura e à forma como os alunos percebem as aulas e o clima de aprendizagem quer nos aspectos mais positivos, quer nos menos bons.

Não me parece pertinente entrar na habitual e inconclusiva discussão sobre a paternidade dos resultados. Como já tenho afirmado, a única ilação segura que se pode retirar é que o trabalho de alunos e professores tem sido melhor sucedido, embora com níveis de retenção ainda elevados, apesar de políticas públicas mais ou menos amigáveis em diferentes aspectos.

Aliás, é interessante registar que as avaliações menos positivas deste relatório no que diz respeito a Portugal são dimensões que decorrem justamente das políticas públicas e das opções de quem as decide.

De facto, das fragilidades identificadas no relatório releva em primeiro lugar a falta de pessoal não docente e também a insuficiência dos equipamentos informático e de plataformas de ensino online e acesso rápido e eficaz à internet e a falta de equidade.

Parece assim que os alunos e docentes vão fazendo a parte que lhes compete, mas nem com todos os actores tal se verifica.

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