sexta-feira, 16 de outubro de 2020

A HISTÓRIA DO CONSUMIDOR

 

Era uma vez um rapaz chamado Consumidor. A história deste rapaz começou como é habitual, estava no sítio errado, à hora errada com a companhia errada. Sempre lhe disseram o que deveria dizer, o que deveria fazer, como deveria fazer. Mas naquele dia, ninguém das pessoas que sempre decidiam por ele estava por perto. É sempre assim. E ele não sabia decidir só, não estava habituado. E disse que sim. Só os rapazes que estão habituados a decidir são capazes de dizer que não, sobretudo aos outros rapazes. Nasceu assim mais um Consumidor.

Foi só a primeira vez que lhe faltou o não e nunca mais o recuperou.

A partir desse sim, muitos mais se seguiram porque cada vez mais o Consumidor tinha medo do não. Algum tempo depois, já não pensava, precisava, dependia.

Até que um dia, estas histórias acabam muitas vezes assim, só, outra vez sem ninguém por perto, o Consumidor foi consumido.

Hoje, não sei porquê, lembrei-me do meu amigo de juventude e companheiro de bola, o Aires, que um dia se consumiu de uma forma trágica.

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