Era uma vez um rapaz chamado Consumidor. A história deste
rapaz começou como é habitual, estava no sítio errado, à hora errada com a
companhia errada. Sempre lhe disseram o que deveria dizer, o que deveria fazer,
como deveria fazer. Mas naquele dia, ninguém das pessoas que sempre decidiam
por ele estava por perto. É sempre assim. E ele não sabia decidir só, não
estava habituado. E disse que sim. Só os rapazes que estão habituados a decidir
são capazes de dizer que não, sobretudo aos outros rapazes. Nasceu assim mais
um Consumidor.
Foi só a primeira vez que lhe faltou o não e nunca mais o
recuperou.
A partir desse sim, muitos mais se seguiram porque cada vez
mais o Consumidor tinha medo do não. Algum tempo depois, já não pensava,
precisava, dependia.
Até que um dia, estas histórias acabam muitas vezes assim,
só, outra vez sem ninguém por perto, o Consumidor foi consumido.
Hoje, não sei porquê, lembrei-me do meu amigo de juventude e
companheiro de bola, o Aires, que um dia se consumiu de uma forma trágica.
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