domingo, 11 de outubro de 2020

A ESCOLA FAZ A DIFERENÇA

 

Mais uma vez.

A escola, no seu sentido genérico, não tem responsabilidade directa por décadas de políticas urbanísticas, sociais, educativas, económicas que produzem exclusão e pobreza.

A escola, no seu sentido genérico, não tem responsabilidade directa na manutenção de estereótipos, preconceitos ou representações sociais sobre pessoas ou grupos.

A escola não tem, evidentemente, qualquer responsabilidade relativamente à situação excepcional causada pela pandemia.

No entanto, é pela escola que também passam as consequências deste cenário e as alterações positivas que desejamos que aconteçam. No caso da pandemia e após o gigantesco esforço realizado a partir de Março e que sempre importa reconhecer a escola volta a enfrentar um ano particularmente difícil e exigente.

Ainda assim, não sendo por milagre, não sendo por acaso, não sendo por mistério, com recursos e visão a escola, cada escola, pode e deve fazer a diferença e contrariar os riscos e as dificuldades que aguardam sobretudo as crianças nascidas no lado menos confortável da vida, mas que também podem envolver qualquer criança de qualquer família.

Apesar de todas as dificuldades são possíveis as boas práticas que merecem divulgação e reconhecimento.

Do meu ponto de vista, tantas vezes aqui afirmado, a questão central será a valorização da escola pública. Esta valorização deverá assentar em quatro eixos fundamentais, a qualidade considerando resultados, processos, autonomia e gestão optimizada de recursos, segundo eixo, qualidade para todos, a melhor forma de combater os mecanismos de exclusão e a desigualdade de entrada, terceiro eixo, diferenciação de metodologias, diferenciação progressiva e não prematura dos percursos de educação e formação para responder à diversidade dos alunos e, quarto eixo, dispositivos de apoio oportunos, suficientes e competentes às dificuldades de alunos e professores.

Este entendimento, do meu ponto de vista, não carece de uma cansativa retórica em torna da inovação e, muito menos, da revolução nas nossas escolas alimentada por uma nuvem de iniciativas e projectos que muitas vezes não têm grande potencial de mudança e alimentam pequenas ou grandes agendas.

Vem esta introdução a propósito de uma notícia divulgada pelo Público sobre como diferentes escolas estão a tentar responder a situações mais complicadas de alunos e docentes no âmbito da pandemia.

O objectivo é “simples”, que as crianças não percam o acesso à escola e que os professores não se afastem dos alunos, com caminhos e metodologias diferentes, naturalmente, mas assegurando a essência da escola pública.

Bom trabalho! Se possível, como consta das orientações.


3 comentários:

Antónia Carreira disse...

Concordo, os professores não se podem perder na nuvem de projetos. Estamos a reviver a moda do projecto. Mas todo o projecto deve ter coerência e sentido para quem os vivencia, caso contrário poderá não ser nada ou ser uma bandeira de alguém e isso não será muito correto se não percorrer um caminho verdadeiramente colaborativo.

Antónia Carreira disse...

Concordo, os professores não se podem perder na nuvem de projetos. Estamos a reviver a moda do projecto. Mas todo o projecto deve ter coerência e sentido para quem os vivencia, caso contrário poderá não ser nada ou ser uma bandeira de alguém e isso não será muito correto se não percorrer um caminho verdadeiramente colaborativo.

Zé Morgado disse...

De acordo.