Como tem sido amplamente referido e sentido o universo da educação, familiar e escolar, enfrenta desafios
gigantescos.
As escolas, os professores, estão a desenvolver um esforço enorme
no sentido de minimizar os efeitos do encerramento das escolas, da estadia dos
alunos e de muitos pais recorrendo predominantemente aos dispositivos de natureza
digital.
A situação é muito complexa e desigualdades reconhecidas nos
recursos digitais e nos níveis de literacia das famílias, capacidade e
acessibilidade das redes em muitos locais, disponibilidade das famílias que
também têm que assegurar vida profissional, seja em teletrabalho, seja nos
espaços habituais, estabelecem um quadro inquietante. Acresce a ameaça ao bem-estar
psicológico que decorre das dificuldades emergentes de diferente natureza
incluindo económicas ou a existência de necessidades específicas em muitos
alunos.
Parece seguro que a recuperação de alguma normalidade estará
certamente afastada no tempo, o terceiro período será vivido neste cenário.
Ninguém têm as respostas e os recursos necessários,
eventualmente até seria difícil definir com algum rigor e confiança quais as
respostas, quais os recursos e como disponibilizá-los em tempo útil.
Teremos agora uns dias para reflexão, chamar-lhes férias da
Páscoa soa a estranho, mas não é fácil introduzir mudanças com impacto rápido.
Uma das questões que mais recorrentemente é referida
prende-se com a avaliação dos alunos, como e quando realizá-la. Creio que a
questão da avaliação é, de facto, muito importante, sendo que o seu impacto varia
com os anos de escolaridade e natureza da avaliação, interna, externa, provas
de aferição ou exames nacionais, sobretudo no secundário devido ao peso que
assumem no acesso ao ensino superior.
Sendo certo que a avaliação é uma ferramenta imprescindível
nos processos educativos vejo menos reflectido o outro lado da avaliação, a aprendizagem.
Que competências e saberes decorrentes dos conteúdos
curriculares estão a ser adquiridas em função das circunstâncias que acima
referi, uma enorme diversidade nos contextos familiares, nos recursos e
competências disponíveis, a diversidade do trabalho realizado por escolas e
professores em situações múltiplas na natureza, actividades, meios utilizados, duração,
dispositivos de apoio, etc.
Sim, é necessário avaliar, mas avaliar o quê? Avaliar o que
avaliaríamos num cenário de ”normalidade” adaptando os dispositivos e suporte? Como regular e promover equidade no acesso ao
que será objecto da avaliação.
E certamente também teremos de ir avaliando o que tem sido
feito para sustentar melhor o que temos de fazer.
Creio que como a generalidade das pessoas, não tenho
certezas, são muitas as dúvidas, são de mais.
É isso que me inquieta.
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