Como já escrevi, comentei em alguma colaboração com
a imprensa e todos sentimos, a situação que vivemos, é inédita na sua dimensão e impacto, coloca
desafios de enorme complexidade em múltiplas áreas do funcionamento das
comunidades.
Deixem-me voltar ao universo da educação e da escola. Os
alunos, da creche e educação pré-escolar ao superior estão em casa bem como parte
significativa dos pais e não existe manual de instruções para lidar com uma experiência com estas características.
A situação, só por si, gera um quadro complexo envolvendo
variáveis como dimensão do agregado, idades dos mais novos, tipologia dos
espaços de habitação, necessidades de trabalho dos pais, etc.
Neste quadro emergem questões de natureza mais psicológica,
stresse, ansiedade, relacionamento interpessoal, risco de conflitualidade, etc.,
embora também possamos acreditar no reforço da qualidade da relação, dos níveis
de comunicação e partilha, etc.
Emergem questões de natureza funcional, o que fazer, para
conciliar tempo de trabalho dos pais com actividades dos filhos cuja autonomia
diminui significativamente com a idade sendo crucial a definição de rotinas que
sendo naturalmente flexíveis podem ser bons contributos e organizadores dos dias
compridos que temos pela frente.
Uma nota final relativa às questões relacionadas com a escola, ou melhor, sobre as
actividades de natureza escolar desenvolvidas em casa.
Ao que vamos conhecendo diariamente as escolas e os professores estão a
desenvolver um esforço muito significativo e também em construção de estabelecimento de canais de comunicação,
orientação e disponibilização de actividades utilizando diferentes recursos de natureza digital.
Não poderia ser de outra forma dada o contexto, um grave problema de saúde pública.
No entanto, sem que queira tornar mais complexa a situação
talvez seja de considerar alguns aspectos.
Os recursos digitais que boa parte das famílias dispõem ou a
qualidade do acesso à net pode ser insuficiente para as solicitações. O nível
de literacia digital de muitas famílias e mesmo de muitos alunos pode criar
algumas dificuldades, ser perito em redes sociais, jogos ou outras aplicações,
não é o mesmo que ser um utilizador eficiente das plataformas de apoio ao
ensino e à aprendizagem considerando ainda a multiplicidade da oferta. Aliás, surgem na imprensa referências relativas a esta questão, sobretudo às dificuldades dos pais.
Nesta perspectiva coloca-se uma questão de equidade nas
oportunidades que, sobretudo numa perspectiva de utilização prolongada como é expectável, e apesar
do efeito de aprendizagem que naturalmente ocorrerá pode correr o risco
de aumentar a distância face à escola.
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