segunda-feira, 14 de julho de 2008

(DES)CRENÇAS

Numa sala de espera um grupo de pessoas discutia, como em todas as sala de espera, os problemas que as afligiam. Falavam de todos os problemas, desde os mais individuais até aos que diziam respeito a mais pessoas e, mesmo, aos que envolviam o mundo inteiro. Sem que ninguém tenha dado por isso, tinha entrado na sala um Velho que, sempre calado e atento, assistia às conversas. Estranhando o tempo de silêncio alguém o interpelou, “E você Velho, que acha destes problemas todos?”. O Velho fez uma pausa grande e de forma muito clara e serena disse, “Se em mim acreditassem, tudo estaria melhor”. Algumas pessoas riram-se, outras, poucas, ficaram sérias e desconfiadas, outras, ainda, disseram, “O Velho está louco”. O Velho ficou de pé, tranquilo, calado a olhar para toda a gente e, devagarinho, instalou-se um silêncio pesado. Ao fim de algum tempo, um miúdo que estava na sala perguntou, “Como te chamas Velho?”.
“Muitos chamam-me Deus, outros muitos chamam-me outros nomes, muitos me invocam, outros muitos me esquecem e outros muitos me desconhecem”, e saiu como entrou, discretamente, deixando as pessoas numa discussão ainda maior, agora sobre o Velho. Ou seria sobre Deus?

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