sábado, 26 de julho de 2008

O DIREITO AOS AVÓS (TAKE 2)

A agenda das consciências determina hoje um pensamento dirigido ao grupo dos seniores, da terceira idade, dos velhos, dos mais experientes, ou, expressão para hoje, dos Avós. A situação mais habitual destas pessoas espelha uma das consequências que as muitas e significativas mudanças nas sociedades têm implicado. Com a desagregação geográfica das famílias e com a cultura, hábitos e rotinas que, de mansinho, se vão instalando, este grupo social aparece cada vez mais isolado (abandonado) ou, em alternativa, institucionalizado, por vezes, em más condições. Hoje, talvez alguns destes recebam um rápida visita e uma prendinha “espanta consciências” por parte da família.
Por outro lado, verificamos também que as crianças e jovens passam uma parte significativa do seu tempo abandonados mas, paradoxalmente, acompanhados do mais presente, potente e actual "baby-sitter", o Sr. Ecrã (de computador, consola ou TV).
É neste contexto, que, retomando um texto já aqui divulgado, reafirmo a proposta de que se legisle no sentido de estabelecer o DIREITO AOS AVÓS e, naturalmente, o DIREITO AOS NETOS. De facto, existindo tantos velhos sós e tantas crianças e jovens sós, um Decreto-lei poderia juntá-los conseguindo um fantástico dois em um. Os velhos passariam a ter netos com quem (con)viver e os miúdos a ter avós com quem (con)viver, trocando a vontade de ser gente com a vontade de continuar gente. Esta relação, que para a maioria das pessoas que a conheceram e conhecem é fantástica, providencia ainda, de acordo com os técnicos, um bom contributo para o bem-estar de novos e velhos. Em termos práticos, a coisa também não parece assim tão difícil, uma vez que existe sempre um Lar de Terceira Idade e um Jardim de Infância ou Escola, não muito longe um do outro, onde se podem encontrar, Iniciativas deste tipo podem constituir bons exemplos, estes sim, de uma educação a tempo inteiro em vez de "só" escola a tempo inteiro. Conheço, aliás, alguns exemplos avulsos e interessantes de experiências neste âmbito.
E porque não promover estes encontros, mesmo sem Decreto que os determine?

1 comentário:

Elfrida Matela disse...

Não, é melhor esperar pelo tal Decreto. Porque razão se há-de meter o carro diante dos bois? Já imaginou a trabalheira que isso daria? As educadoras terem de abandonar o seu feudo e irem com os meninos em "bicha pirilau" até ao Lar dos "velhos", que é na casa mesmo ao lado?! E depois para quê? Se nem os familiares os visitam, porque o hão-de fazer quem não lhes é nada? E que coisas têm esses "velhos" para ensinar às crianças? Histórias do tempo da maria cachucha? Nãã, o melhor é cada macaco no seu galho! Já bem basta quando sair o tal decreto e tiver de se fazer mesmo qualquer coisita. Sim, porque depois há também o problema da avaliação. Há que mostrar trabalho feito. Relações com a comunidade. Etc, etc, etc... Mas que chatice!!!
(Está claro que também conheço muita gente que não espera por decretos, porque acredita que vale a pena acreditar, mas desses não reza a história).