domingo, 28 de outubro de 2007

FALTAS, EXAMES, CHUMBOS E ... RUÍDO

Algumas notas (breves) sobre faltas, exames, chumbos e … ruído.
1 – Não me parece adequado tratar da mesma forma o absentismo justificado e injustificado na escolaridade obrigatória e no pós-obrigatório (secundário por exemplo). A relação dos alunos com a escola e com os pais, a relação da escola como os alunos e com os pais e a relação dos pais com os alunos e com a escola não é semelhante em todas as idades. Pensemos nesta questão considerando um aluno de 8 anos e um de 17. A idade é indiferente?
2 - Durante o período de escolaridade que a comunidade entende em cada tempo que TODOS devem ter, e por isso lhe chama obrigatória, todas as medidas devem ter um carácter de inclusão na comunidade escolar e não se constituírem como medidas potenciadoras de exclusão, que comprometem o próprio desígnio de cumprimento com sucesso da escolaridade obrigatória.
3 – Não parece um bom sinal admitir que faltas justificadas ou injustificadas têm exactamente o mesmo efeito, a realização de uma prova que a escola, cada escola, decidirá que consequência pode ter para o aluno. Fenómenos educativos com causas diferentes não parecem solicitar respostas semelhantes. Só por acaso é que podem acertar.
4 – Contrariamente ao que uma visão conservadora faz crer, nenhum estudo sério prova que os alunos só porque chumbam passam a ter sucesso. Isto não equivale a dizer que não entenda o chumbo em algumas circunstâncias e ponderando factores individuais como idade e recursos.
5 – O chumbo, com demasiada frequência, não passa de uma medida de natureza administrativa que, como referi no ponto anterior, assenta na errada convicção de que basta repetir para ser bem-sucedido. O chumbo, a acontecer, deve obrigatoriamente contemplar uma perspectiva de natureza pedagógica, ou seja, “vamos chumbar o aluno por este conjunto de razões e no próximo ano vamos estruturar este dispositivo de apoio visando o seu progresso”.
6 – Algumas perspectivas mais conservadoras e/ou ignorantes estrebucham lutando por mais exames. Parecem ter o estranho entendimento de que “se medirem muitas vezes a febre, esta acabará por baixar”. A questão central é a qualidade dos processos educativos (escolares e familiares), avaliação regular e exigente e formas de apoio de natureza técnica e pedagógica a alunos, professores e pais e não exclusivamente exames pontuais sem efeito positivo óbvio e/ou medidas de natureza administrativa como muitas vezes é o “chumbo”, sem verdadeiro impacto na qualidade.

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