Foram divulgados os dados do Teaching and Learning International Survey 2024 (TALIS), realizado regularmente pela
OCDE.
Porque me parece que a valorização
percebida face à profissão que se desempenha tem papel crítico no bem-estar
pessoal e profissional e nível de realização uma primeira reflexão relativa a
esta questão. Assim, umas notas sobre esta matéria, a valorização dos professores.
O relatório, no que respeita a
Portugal, foi elaborado com base em entrevistas a cerca de 7300 docentes do 3.º
ciclo e secundário e a quase 430 directores).
Releva que 98% dos professores
portugueses 'concordam' ou 'concordam totalmente' que os alunos e os
professores geralmente se dão bem uns com os outros o que está acima da média
da OCDE de 96%. Por outro lado, 62% dos inquiridos entendem que, na sua escola,
os professores são valorizados pelos alunos, sendo que a média da da OCDE é de
71%.
No que respeita a pais e
encarregados de educação, apenas metade dos nossos professores se sente valorizado
por pais e encarregados de educação e só 16% dizem que com eles colaboram para
enriquecer as actividades de aprendizagem dos alunos pelo menos uma vez por mês,
a média da OCDE atinge os 25%.
Alargando o universo, só 9% dos
professores portugueses se sentem valorizados pela sociedade apenas 4% sente
que as suas opiniões são valorizadas responsáveis pelas políticas públicas, a
média na OCDE é de 16%.
Sendo sempre relevante, numa profissão
como a de professor a valorização profissional e social tem uma importância
crítica como ainda há pouco, a propósito do Dia Mundial do Professor, aqui
escrevi.
As políticas públicas dos últimos
anos e da responsabilidade de sucessivas equipas governativas deram suporte a crescente
percepção de desvalorização da docência. Urgem ajustamentos ao nível da
carreira docente, modelo e avaliação, do estatuto salarial, da formação inicial,
do modelo de governança das escolas, do excesso asfixiante de burocracia, entre
outros aspectos.
Para além das múltiplas acções e
decisões políticas em sentido errado, também alguma imprensa e "opinion
makers" têm contribuído para degradar a sua função, fragilizar a sua
imagem social e comprometer o clima e a qualidade do trabalho desenvolvido nas
escolas apesar dos professores continuarem a ser uma das classes profissionais
em que os portugueses mais confiam.
Finalmente, é muito importante e
para alguns surpreendente que 94% dos professores inquiridos dizem estar satisfeitos com a profissão, sendo a
89% a média da OCDE. É este “gosto pela profissão” que sustenta os professores
num atribulado clima organizacional e com políticas publicas pouco amigáveis.
Deste quadro releva a urgência de
passos seguros e rápidos num trajecto de valorização profissional e social e da capacidade de atracção da mais bonita das
profissões, Professor.
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