terça-feira, 7 de outubro de 2025

PROFESSORES - TALIS 2024 - (DES)VALORIZAÇÃO

 

Foram divulgados os dados do Teaching and Learning International Survey 2024 (TALIS), realizado regularmente pela OCDE.

Porque me parece que a valorização percebida face à profissão que se desempenha tem papel crítico no bem-estar pessoal e profissional e nível de realização uma primeira reflexão relativa a esta questão. Assim, umas notas sobre esta matéria, a valorização dos professores.

O relatório, no que respeita a Portugal, foi elaborado com base em entrevistas a cerca de 7300 docentes do 3.º ciclo e secundário e a quase 430 directores).

Releva que 98% dos professores portugueses 'concordam' ou 'concordam totalmente' que os alunos e os professores geralmente se dão bem uns com os outros o que está acima da média da OCDE de 96%. Por outro lado, 62% dos inquiridos entendem que, na sua escola, os professores são valorizados pelos alunos, sendo que a média da da OCDE é de 71%.

No que respeita a pais e encarregados de educação, apenas metade dos nossos professores se sente valorizado por pais e encarregados de educação e só 16% dizem que com eles colaboram para enriquecer as actividades de aprendizagem dos alunos pelo menos uma vez por mês, a média da OCDE atinge os 25%.

Alargando o universo, só 9% dos professores portugueses se sentem valorizados pela sociedade apenas 4% sente que as suas opiniões são valorizadas responsáveis pelas políticas públicas, a média na OCDE é de 16%.

Sendo sempre relevante, numa profissão como a de professor a valorização profissional e social tem uma importância crítica como ainda há pouco, a propósito do Dia Mundial do Professor, aqui escrevi.

As políticas públicas dos últimos anos e da responsabilidade de sucessivas equipas governativas deram suporte a crescente percepção de desvalorização da docência. Urgem ajustamentos ao nível da carreira docente, modelo e avaliação, do estatuto salarial, da formação inicial, do modelo de governança das escolas, do excesso asfixiante de burocracia, entre outros aspectos.

Para além das múltiplas acções e decisões políticas em sentido errado, também alguma imprensa e "opinion makers" têm contribuído para degradar a sua função, fragilizar a sua imagem social e comprometer o clima e a qualidade do trabalho desenvolvido nas escolas apesar dos professores continuarem a ser uma das classes profissionais em que os portugueses mais confiam.

Finalmente, é muito importante e para alguns surpreendente que 94% dos professores inquiridos dizem estar satisfeitos com a profissão, sendo a 89% a média da OCDE. É este “gosto pela profissão” que sustenta os professores num atribulado clima organizacional e com políticas publicas pouco amigáveis.

Deste quadro releva a urgência de passos seguros e rápidos num trajecto de valorização profissional e social  e da capacidade de atracção da mais bonita das profissões, Professor.

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