A “newsletter” do Público sobre educação
mostra uma síntese semanal do que vai sendo notícia. Esta semana, tem como
título “A máquina do Estado falha na educação inclusiva”.
Após cinquenta anos de trabalho em educação sobretudo direccionado para o que corre menos bem, já não sei muito bem o que dizer, mas … não consigo ficar calado.
Quando comecei, nos idos de setenta, tínhamos uma escola
normal para os alunos “normais” e uma escola “especial”, a "instituição" para os alunos “deficientes”.
Depois conheci escolas normais
que, para além dos alunos “normais” já recebiam alunos “especiais” no ensino
especial, em salas dos “normais” e em salas de ensino especial, as “salas de
apoio”. Chamava-se Educação integrada.
Depois as escolas deixaram de ser
normais e passaram a ser escolas inclusivas, lidam com os alunos normais e com os
alunos “universais”, com os alunos “selectivos” e com os alunos “adicionais”.
E assim chegámos à educação inclusiva
face à qual a jornalista do Público, Catarina Moreira, afirma que a máquina do
Estado falha.
Lamento, mas mais uma vez não me
parece que a máquina do Estado falhe na educação inclusiva, a máquina do
Estado falha na Educação, ponto.
A máquina do Estado falha nos
professores, com tratos injustos e políticas públicas de educação inadequadas e
com implicações diversificadas, ou seja, inclusivas. São óbvios aspectos como a
falta de professores e a sua valorização que, aliás, estão ligados.
A máquina do Estado falha nos profissionais
que, para além dos docentes, são imprescindíveis à educação, técnicos
(psicólogos, por exemplo, mas também em apoios especializados) ou assistentes
operacionais.
A máquina do Estado falha nos
equipamentos para a Educação. Hoje li que na escola que o meu filho frequentou
vão ser retiradas turmas para outra escola da área por risco sério num dos
pavilhões.
A máquina do Estado falha na Educação
quando submerge os profissionais numa burocracia que ineficiente e consumidora
de recursos e desgastante.
A máquina do Estado falha quando deixa pais e encarregados de educação inquietos e preocupados e impotentes face às dificuldades sentidas pelos seus filhos para cumprir o direito à Educação.
A máquina do Estado falha …
Não, a máquina do Estado não falha
na Educação Inclusiva, é mesmo falha na Educação.
PS - Não deveria ser necessário,
mas conheço e todos conhecemos e reconhecemos o que de muito bom se realiza
diariamente nas escolas. Dito de outra forma, todos os dias acontece Educação
em todas as escolas. Não precisamos de lhe chamar Inclusiva.
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