Ontem, numa conversa com duas colegas de percurso profissional veio à baila o recurso excessivo a uma terminologia que sempre me incomodou, a sinalização de crianças, dos alunos. Continuo a entender que sinalizamos em excesso, avaliamos de menos e respondemos ainda menos de forma adequada. Com alguma frequência aqui tenho abordado estas questões, mas hoje lembrei-me de um história que já aqui deixei, a História do Sinalizado.
Era uma vez um rapaz chamado
Sinalizado. Filho de uma mãe muito nova e pouco preparada para ser mãe, nasceu
antes de tempo e ficou Sinalizado, nome curioso. E assim continuou.
Em pequeno, devido às condições
muito precárias e com bastante dificuldade em que a família vivia, continuou
Sinalizado.
À entrada na escola com a mochila
que já carregava logo perceberam que devia ser Sinalizado. E foi. Toda a gente
conhecia o Sinalizado, toda a gente sabia das circunstâncias de vida do rapaz,
por isso mesmo era um Sinalizado.
Mais crescido, os problemas em
que estava frequentemente envolvido continuavam a fazer com que o Sinalizado
assim continuasse, Sinalizado.
Já no final da adolescência o
Sinalizado envolveu-se em algo de mais grave e sucedeu uma tragédia que
encurtou a sua vida.
Muita gente que conhecia o
Sinalizado se interrogava e dizia ter dificuldade em perceber como podia tal
vida ser vivida por um Sinalizado. Até foi notícia de rodapé em alguns jornais
mais dados a estas coisas que acontecem aos Sinalizados.
Mas isto foi só uma história
triste e sem jeito. Os Sinalizados raramente entram em histórias bonitas e bem
contadas.
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