Foi actualizado e divulgado ontem o Estudo de Diagnóstico de Necessidades Docentes realizado pelo Centro de Economia da Educação da Nova SB e os dados, sem surpresa, são preocupantes.
De acordo com as projecções, no
período de 2025 a 2034, 37% dos cerca de 122 000 professores actualmente no sistema
educativo aposentar-se-ão, qualquer coisa como 46 000 docentes.
Não se estranha, apenas preocupa,
de acordo o “"Perfil do Docente", relativo ao quadro de professores
de 2023/2024 em Portugal Continental elaborado pela DGEEC e há dias conhecido, no
3.ºciclo e ensino secundário, a idade média dos professores é de 52 anos, seis
em cada dez, 62%, têm 50 anos ou mais. É também preocupante o baixo número de
jovens professores. Considerando o grupo mais numeroso, 3.º ciclo e secundário,
por cada grupo de 100 professores com menos de 35 anos, havia 1189 com 50 ou
mais. Se for analisado por grupos disciplinares temos grupos em que a diferença
é bem maior.
Também sabido que actual
capacidade de formação de docentes é claramente insuficiente face às
necessidades embora se tenham estabelecido contractos programa com instituições
do ensino superior para incrementar a capacidade de formação. Acresce que, tal
como noutras áreas a falta de professores não se verifica da mesma forma no
país inteiro o que coloca um outro problema a necessidade de deslocação com as
questões que este processo envolve.
Estamos perante uma espécie de
tempestade perfeita, os docentes não chegam, vamos aumentar a capacidade de
formação que continuará insuficiente num futuro próximo, a dispersão
demográfica complica as colocações e …
Muitas vezes aqui tenho escrito,
a falta de docentes estava escrita nas estrelas e sucessivas equipas
ministeriais, para além de más políticas públicas que afastaram milhares de
professores das escolas negavam a evidência, ouvia-se o mantra dos “professores
a mais”.
O universo da educação tem estado
exposto nas últimas décadas, criando instabilidade e ruído permanente sem que
se perceba um rumo, um desígnio que potencie o trabalho de alunos, pais e
professores. Acresce que sucessivas equipas ministeriais têm empreendido um
empenhado processo de desvalorização profissional dos professores com impacto
evidente no clima das escolas e nas relações que a comunidade estabelece com
estes profissionais. Este cenário baixou drasticamente a atractividade da
carreira docente e, como sempre, sucessivos responsáveis por estes cenários,
esquecem-se do que produziram e ignoram responsabilidades, perorando sobre o
que fazer e que não fizeram.
Não podemos esperar mais. A formação de professores, sem o risco da “desprofissionalização”, ou seja, o abaixamento da qualidade da formação, é a prioridade das prioridades a par de potenciar a atracção pela função docente através de ajustamentos ao nível da carreira, modelo e avaliação, do estatuto salarial, do excesso asfixiante de burocracia, entre outros aspectos . O que é que não se percebe?
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