Ao que a imprensa divulga, o Programa Escola Segura da PSP registou em 22/23 3682 ocorrências, 2611 das quais de natureza criminal e 1071 não criminais, um aumento ligeiro, 5,7%, face a 21/22 com maior incidência nas agressões. As agressões, injúrias e ameaças são os episódios mais frequentes, sendo que as agressões aumentaram de forma mais significativa. Apesar deste aumento o volume de episódios está abaixo dos anos pré-pandemia.
Durante o próximo mês o Programa Escola Segura lançará um conjunto de iniciativas dirigidas à sensibilização, prevenção e informação.
Deixem-me insistir em duas ou três notas que retomo de reflexões anteriores. Os estilos de vida, as exigências de qualificação têm tornado gradualmente a escola mais presente e durante mais tempo na vida de crianças e adolescentes e, consequentemente, com reflexos na educação em contexto familiar.
Creio que já dificilmente se
entende que a “família educa e a escola instrói”. Também parece que já não se
espera da escola que forme “técnicos” e não cidadãos, pessoas, com
qualificações ao nível dos conhecimentos em múltiplas áreas. Aliás, se bem
repararem falamos mais de sistemas de educação e não de sistemas de ensino e ainda
bem que assim é.
Creio que já dificilmente se
entende que o conhecimento é asséptico. O conhecimento, a sua produção e a sua
divulgação, tem, deve ter, sempre um enquadramento ético e não é imune a
valores.
Nas sociedades contemporâneas um
sistema público de educação com qualidade, desde há muito de frequência
obrigatória e progressivamente mais extenso, é uma ferramenta fundamental para
a promoção de igualdade de oportunidades, de equidade e de inclusão. Uma
educação global de qualidade é de uma importância crítica para minimizar o
impacto de condições sociais, económicas e familiares mais vulneráveis.
Para além dos dados referidos e
dos que se referem à delinquência juvenil, são também preocupantes indicadores
relativos à violência relativos à violência nas relações de namoro entre
jovens, sendo que muitos a entendem como “normal”, tal como inquietam o volume
de episódios de bullying, ou os consumos de álcool ou droga.
Parece-me importante que as
matérias integradas na "Educação para a Cidadania" integrem o
trabalho desenvolvido na educação em contexto escolar. Com o mesmo objectivo
será importante o desenvolvimento de programas de natureza comunitária envolvendo
diferentes áreas das políticas públicas.
Como tenho referido precisamos e
devemos discutir sempre como fazer, com que recursos e objectivos e promover a
autonomia das escolas, também nestas questões. Por outro lado, não acredito na
“disciplinarização” destas matérias, julgo mais interessantes iniciativas
integradas, simplificadas e desburocratizadas em matéria de organização e
operacionalização.
Sabemos que a prevenção e
programas de natureza comunitária, socioeducativa, têm custos, mas importa
ponderar entre o que custa prevenir e os custos posteriores da pobreza,
exclusão, delinquência continuada e da insegurança.
No entanto, importa uma palavra
de optimismo. A verdade é que, apesar de todos os constrangimentos e
dificuldades bem conhecidas e nem sempre reconhecidas e do que ainda está por fazer, o trabalho desenvolvido por
professores, técnicos, funcionários e alunos é bem-sucedido na maioria das
situações e isso deve ser sublinhado. De uma forma geral, professores,
técnicos, funcionários e alunos, quase todos, fazem a sua parte.
Importa não esquecer e sublinhar,
a escola é segura.
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