domingo, 17 de setembro de 2023

EM CONTRA CORRENTE

 Hoje dei por mim a olhar, sem surpresa, mas com preocupação, para o mundo que desfila à nossa frente em particular no universo da educação, escolar e familiar, e senti-me incomodado. Pensei nos meus netos, 2º e 5º ano, e fiquei mais preocupado com a estrada que têm pela frente.

 É verdade que quase sempre que paramos para pensar o resultado não é muito interessante. Talvez seja por isso que tanta gente pensa pouco ou à pressa.

Procurando algum conforto, de mansinho e, devo confessar, sem grande esforço, consegui começar a lembrar-me de algumas coisas em contra corrente com o mal-estar do mundo. Deixem que partilhe convosco, ao correr do teclado, algumas das minhas descobertas sobretudo no universo que me está mais perto, o dos mais novos.

Afinal, sei de alguns miúdos que têm vidas tranquilas, são aconchegados pelos pais e têm os tratos que se espera que os pais dêem.

Sei mesmo de alguns miúdos que falam com os pais e com outros adultos sobre aspectos que lhes parecem úteis ou necessários e reservam para os amigos e para si aquilo que assim deve ficar.

Sei até de alguns miúdos que brincam na rua, tem resultados escolares positivos e também jogam com consolas e ou smartphones, vêm televisão sem que seja para se esconderem e ficar fechados num ecrã.

Não devo esquecer que também sei de miúdos que sentindo algumas dificuldades por diferentes razões são bem recebidos e apoiados nas escolas que frequentam.

Imaginem que sei de miúdos que têm avós com quem se cruzam e "aprendem" aquilo que os pais não podem ensinar, porque pais e avós cumprem funções diferentes. Também sei de miúdos que crescem no meio dos outros e trocam uns nomes e uns sopapos que ajudam a perceber limites e diferenças sem que se pense que são delinquentes, feitos ou em construção.

Sei até de miúdos que gostam de muitos dos professores que têm e que respeitam genericamente as regras de relação com eles.

Sei também de miúdos que fazem e dizem disparates e asneiras que precisam de fazer e dizer para não terem a tentação de mais a tarde as realizar, então com riscos para todos, e sei de pais e outra gente grande que acha que nem todos os miúdos que se mexem um pouco e falam muito são mal-educados ou hiperactivos.

Afinal, descobri, em contra corrente, que existem miúdos que, não sabendo eu se são felizes porque não saberei muito bem o que será a felicidade, vivem uma vida na qual se sentem bem. Afinal, ainda não é desta que me convenço de que a nossa estrada desembocou num inferno.

Os miúdos, agora falo de todos os miúdos, não deixam que acreditemos que a vida é um inferno. Se assim fosse, não teríamos outra coisa para lhes mostrar e deixar. E temos.

E não podemos falhar, sobretudo quem assume responsabilidades nas decisões que envolvem toda a comunidade.

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