Hoje dei por mim a olhar, sem surpresa, mas com preocupação, para o mundo que desfila à nossa frente em particular no universo da educação, escolar e familiar, e senti-me incomodado. Pensei nos meus netos, 2º e 5º ano, e fiquei mais preocupado com a estrada que têm pela frente.
É verdade que quase sempre que paramos para
pensar o resultado não é muito interessante. Talvez seja por isso que tanta
gente pensa pouco ou à pressa.
Procurando algum conforto, de
mansinho e, devo confessar, sem grande esforço, consegui começar a lembrar-me
de algumas coisas em contra corrente com o mal-estar do mundo. Deixem que
partilhe convosco, ao correr do teclado, algumas das minhas descobertas
sobretudo no universo que me está mais perto, o dos mais novos.
Afinal, sei de alguns miúdos que
têm vidas tranquilas, são aconchegados pelos pais e têm os tratos que se espera
que os pais dêem.
Sei mesmo de alguns miúdos que
falam com os pais e com outros adultos sobre aspectos que lhes parecem úteis ou
necessários e reservam para os amigos e para si aquilo que assim deve ficar.
Sei até de alguns miúdos que
brincam na rua, tem resultados escolares positivos e também jogam com consolas
e ou smartphones, vêm televisão sem que seja para se esconderem e ficar
fechados num ecrã.
Não devo esquecer que também sei
de miúdos que sentindo algumas dificuldades por diferentes razões são bem
recebidos e apoiados nas escolas que frequentam.
Imaginem que sei de miúdos que
têm avós com quem se cruzam e "aprendem" aquilo que os pais não podem
ensinar, porque pais e avós cumprem funções diferentes. Também sei de miúdos
que crescem no meio dos outros e trocam uns nomes e uns sopapos que ajudam a
perceber limites e diferenças sem que se pense que são delinquentes, feitos ou
em construção.
Sei até de miúdos que gostam de
muitos dos professores que têm e que respeitam genericamente as regras de
relação com eles.
Sei também de miúdos que fazem e
dizem disparates e asneiras que precisam de fazer e dizer para não terem a
tentação de mais a tarde as realizar, então com riscos para todos, e sei de
pais e outra gente grande que acha que nem todos os miúdos que se mexem um
pouco e falam muito são mal-educados ou hiperactivos.
Afinal, descobri, em contra
corrente, que existem miúdos que, não sabendo eu se são felizes porque não
saberei muito bem o que será a felicidade, vivem uma vida na qual se sentem
bem. Afinal, ainda não é desta que me convenço de que a nossa estrada desembocou
num inferno.
Os miúdos, agora falo de todos os
miúdos, não deixam que acreditemos que a vida é um inferno. Se assim fosse, não
teríamos outra coisa para lhes mostrar e deixar. E temos.
E não podemos falhar, sobretudo
quem assume responsabilidades nas decisões que envolvem toda a comunidade.
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