quarta-feira, 9 de agosto de 2023

REALIDADES PARALELAS

 Sim, estamos de férias, aliás, segundo o ME, este ano até as escolas podem encerrar uma semana. A questão é que as preocupações não vão de férias, só no mundo mágico em que alguma gente insiste em acreditar que vive.

No DN de hoje encontra-se uma peça em que pela voz de Filinto Lima, presidente da Associação Nacional de Directores de Agrupamentos e Escolas Públicas, se expressa uma enorme e preocupação com as consequências que nas actividades em curso o Programa Escola 21723+ destinado à recuperação das aprendizagens terá o corte dos créditos horários dos professores que nele têm colaborado e se esperaria que colaborassem no ano de prolongamento que foi decido.

Lê-se na peça do DN que o ME “justificou a medida com o fim do programa de fundos comunitários”. É uma justificação patética e que embaraça a inteligência e é um exemplo (mais um), da incompetência que vai sustentando boa parte das políticas Recordo, que há dias O Tribunal de Contas na auditoria ao Programa Escola 21/23+ considerou que “Existem insuficiências na definição do Plano 21/23, como prioridades pouco claras, insuficiente afectação de recursos, excessivo número de acções e inexistência de metas e de indicadores para efeitos de monitorização e avaliação”.

Também no último relatório em divulgado em Julho pela Direcção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência, se afirmava que não se verifica uma alteração significativa no perfil e adesão ao conjunto de medidas contidas no plano de recuperação das aprendizagens continuando os Planos de Desenvolvimento Pessoal, Social e Comunitário e Escola a Ler como as medidas com maior actividade. É importante que também se afirmava que ainda não era conhecida a avaliação relativa ao impacto das diferentes medidas no desempenho dos alunos.

Não estando devidamente avaliado, sobretudo no seu objectivo central, recuperação das aprendizagens dos alunos, como pode decidir-se cortar numa das áreas críticas, os recursos, o tempo de trabalho dos professores? É, no mínimo, insensatez e incompetência que dificilmente se explicam.

Em condições normais, por assim dizer; não se conhecendo os efeitos que justificam o Plano, o impacto nas aprendizagens dos alunos seria de esperar que medidas a tomar decorressem dessa avaliação.

Acontece que parece ter-se instalado no Ministério, e de há muito, uma avaliação da realidade que não corresponde … à realidade, mas ao que entendem ser a “sua” realidade.

Como refere Filinto Lima na peça e contrariamente ao que também ouvimos do ME, antecipa-se um ano lectivo muito complicado.

Será grave se tal assim acontecer. Crianças e jovens, professores, técnicos pais, uma das cadeias nucleares no futuro de um país não perdoarão.

1 comentário:

Rui Ferreira disse...

Os diretores pertencem ao sistema, ladram mas não mordem.
"fazer omeletes sem ovos é difícil", não é difícil, é impossível, parvo.