segunda-feira, 6 de setembro de 2010

A VIDA ADIADA NUM PAÍS ADIADO

O Público aborda hoje, com referência em primeira página, a situação de milhares de professores que apenas foram colocados nos últimos dias no âmbito de mais um conceito inovador que o ME introduziu no sistema, "as necessidades transitórias das escolas". Acresce ainda, que apenas cerca de 18 000 dos 50 000 que concorreram obtiveram colocação. Este quadro assume, obviamente, implicações sérias nos projectos de vida das pessoas, daí a referência à vida adiada que titula o trabalho.
Esta situação grave não é exclusiva da classe profissional dos professores. O país tem cerca de 600 000 desempregados, muitos milhares são desempregados de longa duração e muitos deles jovens e sem subsídio de desemprego.
O desemprego entre os professores releva, obviamente, de medidas de política educativa com erros de décadas e outros bem mais actuais, mas também da demissão da tutela do ensino superior no sentido de regular e equilibrar a oferta de formação considerando as necessidades do sistema e a evolução demográfica.
Mais do que os professores, alguns com muitos anos de experiência, que têm vidas adiadas, é a transformação do país num país adiado que inquieta, por exemplo, quando os privilegiados professores que obtiveram colocação olham para as crianças que se sentam todos o dias à sua frente.
Parece também adiada a esperança e a confiança num futuro melhor.

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