quinta-feira, 9 de setembro de 2010

TENS QUE TRABALHAR MAIS

O Público continua a prestar o que poderíamos chamar de serviço público divulgando alguns dados de natureza mais específica do último relatório da OCDE, "Education at a glance", http://www.oecd.org/edu/eag2010. Na edição de hoje é abordado um aspecto ao qual me tenho referido com frequência e que, por vezes, me parece desadequadamente considerado, o tempo de trabalho dos alunos. De facto, a propósito dos resultados escolares insuficientes, alguns discursos sugerem repetidamente que os alunos portugueses trabalham pouco.
Os dados agora divulgados vêm justamente mostrar que os nossos miúdos no ensino básico têm um número de horas de aulas obrigatórias superior, repito superior, à média da OCDE. Como os dados apenas contemplam aulas obrigatórias, não consideram o tempo que os alunos, sobretudo no 1º e 2º ciclos podem ainda estar envolvidos em Actividades de Extensão Curricular o que, de acordo com os normativos em vigor, possibilita que os alunos estejam na escola até 55 horas semanais, algo de absolutamente extraordinário. Um outro dado muito importante e a merecer grande atenção relativamente aos tempos de trabalho é o facto de o tempo lectivo destinado aos conhecimentos em língua materna, educação matemática e educação científica ser inferior ao que se passa noutros sistemas educativos.
Este quadro, sublinha o entendimento e a defesa de algo que de há muito defendemos. Uma das questões centrais e urgentes no nosso sistema educativo é a revisão e reorganização dos conteúdos curriculares.
Quando nos confrontamos com resultados não satisfatórios é sempre fácil e tentador atribuir a causa a falta de trabalho de alunos e professores. A questão não é mais trabalho, é melhor trabalho e para isso, insisto, torna-se fundamental proceder a um ajustamento sério e substantivo na organização e nos conteúdos curriculares. Sem essa mudança dificilmente conseguiremos alterações significativas apesar do esforços de alunos e professores.

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