quarta-feira, 15 de setembro de 2010

A TEOLOGIA DA LIBERTAÇÃO?

A importância e o peso social, cultural e mesmo económico que a Igreja Católica tem em Portugal exigem que os seus discursos e posições sejam seguidos e considerados com atenção.
Num trabalho hoje divulgado no JN, D. Carlos Azevedo, presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social e uma das vozes mais importantes da Igreja portuguesa considera o actual modelo económico "indecente, injusto, desigual e desproporcionado". Palavras fortes que poderiam fazer parte de qualquer texto subscrito pela chamada esquerda, mesmo a mais radical. A propósito da crise instalada, sobretudo, de há três anos e das suas consequências trágicas como motor de exclusão, muito se discute sobre os modelos que a produziram. Muitas vezes aqui tenho referido a necessidade de alcançar um novo patamar ético que substitua o endeusamento do mercado e se possa constituir, também, como uma dimensão reguladora do mundo da economia e finanças.
Registo a dureza das palavras de D. Carlos Azevedo embora não esqueça a relação estreita entre boa parte das elites económicas e a Igreja Católica e me parecer tardia a posição agora expressa.
Não acredito que o discurso hoje divulgado seja sinal de uma qualquer adesão da Igreja portuguesa às teses mais próximas da teologia da libertação, em todo o caso parece-me uma tomada de posição importante. Os sinais que vão emergindo não permitem grande optimismo, passada a crise (esta) o modelo económico permanecerá estruturalmente semelhante apesar da retórica de mudança que, aliás, fica sempre bem.

1 comentário:

Anónimo disse...

Cantas bem mas não me alegras.

Abraço
António Caroço