Dado o inexorável movimento dos dias cumpro hoje mais um marco de uma estrada que já vai longa. Há algum tempo passei a integrar a tribo dos “seniores” ou dos “idosos”. Depois associei-me à dos “reformados” ou “aposentados” apesar de manter alguma actividade. Hoje, chegam os 70, o conceito passará a ser “jubilado”. Vou ter de me habituar, felizmente, para além de uma necessária carreira profissional em que me senti muito bem, gozei uma paixão que sempre viverá, a psicologia, a educação e o mundo dos miúdos.
Como já tenho dito, não sei o que
é uma vida de sonho, mas tenho tido uma vida com que nunca sonhei. Sou um homem
com sorte.
Na minha terra era costume, creio
que ainda é muito frequente em Portugal, referir que quando se celebra um
aniversário, se é "pequeno". Assim sendo, hoje sou
"pequeno", coisa que não é nada fácil imaginar e muito menos
conseguir, mas é mais amigável que “idoso” ou “reformado”.
Embalado por essa ideia
lembrei-me de quando era mesmo pequeno, tentação que parece inevitável cada vez
que ficamos mais velhos. Lembrei-me de como brincava, ao que brincava e com
quem brincava, quase sempre na rua. Ainda há dias falava destas brincadeiras
com os meus netos e o Simão, do alto dos seus onze anos e a viver o hoje, mostrava
dificuldade e estranheza face às brincadeiras e aos materiais que tínhamos para
brincar. Não eram fáceis aqueles tempos.
Depois lembrei-me de como
brincava com o meu filho, quando ele era pequeno, grandes viagens em grandes
brincadeiras.
Agora brinco com os meus netos,
são eles os pequenos. Muito a gente se diverte. E havemos de nos divertir ainda
mais a brincar. Há sempre “projectos” ou “sistemas” para fazer, em particular
no Alentejo. E assim há-de ser enquanto puder. Palavra de avô.
A este propósito e como já vos
tenho dito e, certamente, alguns estranharão, acho que por estes dias os miúdos
brincam pouco.
Eu sei que os tempos são
diferentes e os estilos de vida mudaram significativamente. No entanto, não me
parece que sejam razões suficientes. A questão é, creio, de outra natureza.
As brincadeiras já não
brincadeiras, passaram a chamar-se actividades. E os miúdos têm muito pouco
tempo para brincar, é quase todo destinado a actividades, muitas actividades,
que, dizem, são fantásticas, fazem bem a tudo e mais alguma coisa, promovem competências
extraordinárias e é preciso ser excelente.
Deixem os miúdos brincar,
faz-lhes bem, é mesmo a coisa mais séria que fazem e, como sabem, é importante
lidar desde pequeno com coisas sérias.
Acho que por estes dias ainda nos
vamos divertir mais. nas brincadeiras com os meus netos.
É que hoje … hoje sou pequeno,
ainda melhor nos entendemos.
8 comentários:
Parabéns!
Parabéns pequeno!
Maravilhoso! Fiquei encantado! Grande avô! De certeza que também foste um grande professor.
Parabens
Brincar...brincar sempre!
Muitos parabéns, Professor!
Na verdade, continua a ser um Jovem...
Paula Dias
Muito obrigado
Parabéns professor José Morgado!
Felicidades e muita brincadeira!
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