De acordo com a imprensa de hoje, o número de docentes que se aposentarão até Setembro será de 2756, menos 765 que o total de 3521 verificado durante 2023. Segundo a informação da CGA em Setembro sairão 458 docentes. O MECI prevê que até final do ano o total de docentes aposentados possa chegar a 4700.
É certo que não é um problema exclusivo
do nosso sistema educativo, mas como tantas vezes tem sido afirmado, este cenário
estava estudado e previsto há já alguns anos, mas as políticas públicas negligentes
ou incompetentes seguidas de há uns anos para cá contribuem para o actual
quadro. Não esqueço os discursos sobre “professores a mais”, ou sugestões para
emigrar a docentes em início de carreira, como também não esqueço tempos severo
de desvalorização dos professores em termos sociais, modelo de carreira e
salarial com impacto severo na atractividade da carreira por gente jovem que a
rejuvenescesse e alimentasse.
Aliás, as políticas seguidas em
matéria de educação também contribuíram para o cansaço e mal-estar, desencanto
e desejo de abandono da profissão que se foi instalando em muitos docentes. e a
baixa atractividade que inibiu a motivação pela carreira, única forma de a
rejuvenescer.
A propósito, relembro que, há já
uns anos largos, uma professora, na altura minha aluna de doutoramento, me
perguntava, com um ar meio sério, meio a brincar, se podia desenvolver a sua
tese a partir de uma questão que considerava a mais ouvida nas salas de
professores, quando no meio da burocracia e das actividades ainda havia tempo
para passar na sala de professores, “quanto tempo é que te falta?”. A sua ideia
não foi para a frente enquanto doutoramento, mas o que lhe está subjacente é
bem claro e bem preocupante. O resultado está à vista.
Na verdade, ser professor é uma
das funções mais bonitas do mundo, ver e ajudar os miúdos a ser gente, mas é
seguramente uma das mais difíceis e que mais valorização nas diferentes
dimensões e apoio deveria merecer. Do seu trabalho competente e valorizado depende o
nosso futuro, (quase) tudo passa pela educação e pela escola.
Qual é parte que não se percebe?
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