Por estes dias o Monte está mais frequentado e animado, estão por cá os netos e a azáfama é grande, entre trabalhos na oficina, bicicleta nos trilhos, mergulhos no tanque da nascente, a lida agrícola da época, a rega e o mais que a imaginação permite. É curioso que os vizinhos da herdade próxima me encontram na vila e me dizem a sorrir, estão cá os netos, já os ouvimos. É, ouvem-se à distância.
Hoje, antes do Sol ficar mais
áspero o Tomás, oito anos de genica, desafia-me para uma volta ao Monte, ele na "bina" e eu a pé. Generosamente, avisa-me que vai devagar porque sabe que eu já
não corro. Obrigado, Tomás.
Às tantas diz que já está calor afirmando eu que ainda ficaria mais quando fosse mais tarde.
Pois, responde, são aí umas dez
horas.
Confirmo que sim, faltam poucos
minutos.
Compondo o ar seguro de quem
sabe, explica-me que vê as horas pelo Sol. Divide o céu em partes, cada
uma de uma hora, e vai contando.
Comentei que estava certo, mostrando alguma admiração.
Remata com a confiança de quem "sabe", “já sei há muito tempo, aprendi na pré” e acelera a pedalar na "bina".
Para além da história, e é só uma história, fiquei a pensar como tão frequentemente esquecemos que os miúdos, todos os miúdos, sabem sempre mais do
que imaginamos ou do que medimos.
E são também assim os dias do
Alentejo
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