Foram divulgados os resultados da candidatura ao acesso ao ensino
superior num ano em que em que se regista um ligeiro abaixamento número de
candidatos. Foram colocados quase 50 000 candidatos, uma taxa de colocação,
85,7%, um pouco mais alta que em 2023.
Nesta fase, 56,1% dos alunos
foram colocados na primeira opção e 87,8% numa das três primeiras escolhas.
Uma nota positiva para sublinhar
a continuação da subida, 8%, do número de alunos colocados nas licenciaturas em Educação Básica que permitem o acesso aos mestrados em ensino para o 1.º e 2.º
ciclos.
Uma nota preocupante para a descida
do número de alunos carenciados colocados nesta fase, de 2800 em 2023 para
1655. Como é conhecido, a frequência do superior é cara, sobretudo quando
obriga a deslocação e procura de alojamento. Mantém-se um quadro de
desigualdade de oportunidades no acesso à formação de nível superior.
A colocação e as escolhas de
curso assentam, naturalmente, nas motivações dos candidatos e das suas
expectativas face ao futuro e nos constrangimentos e enviesamentos da oferta.
Para os alunos não colocados nas primeiras escolhas teremos um risco acrescido
de frustração que pode levar à desistência e desmotivação, esperemos que corra
bem.
Umas notas breves em linha com o
que aqui já tenho escrito.
Sou dos que entendem que cada um
de nós deve poder escrever, tanto quanto as circunstâncias o permitirem, a sua
narrativa, cumprir o seu sonho. Por outro lado, a vida também nos ensina que é
preciso estar atento aos contextos e às condições que os influenciam, sabendo
ainda a volatilidade e rapidez com que neste tempo a vida acontece.
Assim, parece-me importante que
um jovem, sabendo o que a sua escolha representa, ou pode representar nas
actuais, sublinho actuais, condições do mercado de trabalho, faça a sua escolha
assente na sua motivação ou no projecto de vida que gostava de viver e, então,
informar-se sobre opções, sobre as escolas e respectivos níveis de qualidade.
Por outro lado, é esta questão
que quero sublinhar, boa parte da questão da empregabilidade, mesmo em
situações de maior constrangimento, relativiza-se à competência, este é o ponto
fulcral e não pode, não deve, ser esquecido.
Na verdade, o que frequentemente
me inquieta é a ligeireza com que algumas pessoas parecem encarar a sua
formação superior, assumindo uma atitude pouco "profissional",
cumprem-se os serviços mínimos e depois logo se vê. Têm sido mediatizados casos
que elucidam este entendimento, a formação significa a aquisição de um sólido
conjunto de saberes e competências, não é um título que se cola ao nome. A
experiência faz-me contactar regularmente com atitudes desta natureza.
Mesmo em áreas de mais baixa
empregabilidade, ou assim entendida, continuo a acreditar que, apesar dos maus
exemplos que todos conhecemos, a competência e a qualidade da formação e
preparação para o desempenho profissional, são a melhor ferramenta para entrar
nesse "longínquo" mercado de trabalho. Dito de outra maneira, maus
profissionais terão sempre mais dificuldades, esteja o mercado mais aberto ou
mais fechado.
Assim sendo, importa que o
investimento, a preocupação com a aprendizagem e a aquisição de conhecimentos,
competências e de princípios éticos e deontológicos se estabeleçam como
desígnio. Este entendimento pode e deve coexistir com o desenvolvimento de uma
vida académica socialmente rica, divertida e fonte de bem-estar e satisfação. É
desejável resistir à tentação do facilitismo, do passar não importa como, da
fraude académica que constitui actualmente uma séria preocupação, da competição
desenfreada que inibem partilha, cooperação e apoio para momentos menos bons.
O futuro vai começar dentro de
momentos.
Boa sorte e boa viagem para todos
os que vão iniciar agora esta fase fundamental nas suas vidas.
Sem comentários:
Enviar um comentário