Agora na condição de reformado são frequentes as viagens às memórias profissionais. Em muitas conversas que realizei em escolas não era raro ouvir histórias como a de O Tal.
Era uma vez um rapaz, tinha 11
anos e chamava-se O Tal. Era o aluno de quem mais se falava na escola, por toda
a gente. Cada professor achava que O Tal não aprendia o suficiente na sua
disciplina, não tinha o comportamento adequado, não tinha motivação para
aprender, não estudava, não gostava de escrever, não gostava de ler, não se
interessava pela generalidade dos assuntos abordados nas aulas, não sabia
participar numa conversa, não completava uma actividade, não era organizado,
não gostava de ser contrariado, não cumpria a generalidade das tarefas, etc.
Um dia, um dos professores que
tinha O Tal, falou nele ao Professor Velho, o que estava na biblioteca e falava
com os livros. O Professor Velho, depois de ouvir afirmou que não conhecia O
Tal. A resposta surpreendeu o professor. “Como não conheces O Tal? É o aluno
mais conhecido da escola!”.
Disse o Velho naquele jeito
baixinho, “Sim, eu sei quem é O Tal, mas acho que O Tal é o aluno mais
desconhecido da escola. Repara, só conhecem o que ele não sabe, o que ele não
faz, o que não gosta, o que ele não é. Não saberão, portanto, o que ele é, o
que ele será capaz de fazer, o que ele saberá, de que gostará. Olha que a gente
só aprende a partir do que sabe e só cresce a partir do que já é. Era melhor
conhecer O Tal. Só conhecendo O Tal e as suas circunstâncias o podemos “agarrar””.
Sempre assim será com "Os Tais”.
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