Como por aqui se diz, está um dia cabaneiro, com uma ventania que convida a estar em casa. Dado que não é dia de escola os mais novos podem ter um tempinho para brincar. Por coincidência, mas sem surpresa, é habitual quendo se aproxima a época natalícia, no DN está uma peça a alertar para o perigo que alguns brinquedos podem representar para as crianças.
Nos primeiros quatro meses deste
ano, a ASAE – Autoridade da Segurança Alimentar e Económica apreendeu 682
brinquedos inseguros e de “potencial risco”. É ainda de referir que relatórios
do Instituto da Propriedade Intelectual da União Europeia mostram que os
brinquedos são dos produtos mais contrafeitos.
Na verdade, existem riscos em
alguns brinquedos tal como a Associação para a Promoção da Segurança Infantil e
a DECO já têm referido alertando para o facto de que tal estar no brinquedo o
símbolo CE não é suficiente como garantia de segurança. A DECO tem também alertado
para o risco da compra de brinquedos através da net.
Neste cenário, tanto como o
trabalho das instituições de regulação, importa sublinhar o papel dos pais como
os "verdadeiros inspectores" da segurança dos brinquedos. No entanto,
parece-me, como sempre, necessário usar de algum bom senso e evitar excessos de
zelo que também não são positivos, ainda que em matéria de segurança infantil o
excesso seja melhor que o defeito.
Esta referência à segurança nos
brinquedos é importante e oportuna, estamos à beira do espírito natalício, o
tempo dos brinquedos, mas gostava de reforçar o facto de continuarmos a ser um
dos países da Europa com taxa elevada de acidentes domésticos envolvendo
crianças, de que as quedas de janelas ou varandas, os afogamentos ou o contacto
com materiais perigosos não devidamente acondicionados, são apenas exemplos
tragicamente frequentes.
O que me parece importante registar é que num tempo em que os discursos e as práticas sobre a protecção da criança estão sempre presentes e muitas vezes e em múltiplos aspectos com comportamentos de excessiva protecção, em que é recorrente a referência aos perigos dos brinquedos, também se verifica um número altíssimo de acidentes o que parece paradoxal. Acrescentaria a necessidade de uma maior regulação na utilização dos ecrãs que em excesso tem riscos de natureza diversa.
Por um lado, protegemos as
crianças de forma que, do meu ponto de vista, me parece excessiva face às suas
necessidades de autonomia e desenvolvimento e, por outro lado e em muitas
circunstâncias, adoptamos atitudes e comportamentos altamente negligentes e
facilitadores de acidentes que, frequentemente, têm consequências trágicas.
E não vale a pena pensar que só
acontece aos outros.
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