terça-feira, 2 de abril de 2024

SINALIZADOS

 Uma peça do JN retoma o relatório recentemente divulgado pela Direcção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência, “Síntese de resultados - Suporte à aprendizagem e à Inclusão, 2022/2023”, que já aqui referi.

Considerando um total de 88 682 alunos sinalizados e com Relatório Técnico Pedagógico, 39529 (44,6%) receberam pelo menos um apoio especializado nos termos definidos pelo DL 54/2018 que também prevê que os alunos possam beneficiar de mais do que um apoio especializado.

Este dado sobre os alunos sinalizados e o que daí decorre ou não, lembrou-me uma história que já aqui contei, a história do Sinalizado.

Era uma vez um rapaz chamado Sinalizado. Filho de uma mãe muito nova e pouco preparada para ser mãe, nasceu antes de tempo e ficou Sinalizado, nome curioso. E assim continuou.

Em pequeno, devido às condições muito precárias e com bastante dificuldade em que a sua família vivia, continuou Sinalizado.

À entrada na escola com a mochila que já carregava logo perceberam que devia ser Sinalizado. E foi. Toda a gente conhecia o Sinalizado, toda a gente sabia das circunstâncias de vida do rapaz, por isso mesmo era um Sinalizado.

Mais crescido, os problemas em que estava frequentemente envolvido continuavam a fazer com que o Sinalizado assim continuasse, Sinalizado.

Já no final da adolescência o Sinalizado envolveu-se em algo de mais grave e sucedeu uma tragédia que encurtou a sua vida.

Muita gente que conhecia o Sinalizado se interrogava e dizia ter dificuldade em perceber como podia tal vida ser vivida por um Sinalizado. Até foi notícia de rodapé em alguns jornais mais dados a estas coisas que acontecem aos Sinalizados.

Mas isto, desculpem lá, foi só uma história triste e sem jeito. Os Sinalizados raramente entram em histórias bonitas e bem contadas.

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