A divulgação dos candidatos às eleições europeias fez-me recordar a personagem de uma história que já aqui contei.
Era uma vez um homem chamado
Alpinista. Nasceu numa terra pequena onde muita gente gostava de praticar a
subida, na vida, é claro. Uns conseguiam subir alguma coisa, outros nem tanto,
mas tinham pena.
O Alpinista, foi um rapaz
discreto sem de início revelar algumas especiais capacidades ou dotes que o
habilitassem ao sucesso, subir na vida. No entanto, tinha alguma capacidade
discursiva, era perspicaz e assertivo, conseguia perceber sem grande dificuldade
o caminho a seguir e fazia-o de forma convicta.
Durante a adolescência e olhando
para o que se passava naquela terra, quase tudo o que fossem lugares de algum
relevo eram ocupados de acordo com o aparelho partidário do partido que
ocupasse o poder naquela altura e verificando que também existiam outros
lugares com uma exigência de mérito a que ele não acederia, decidiu-se pela via
partidária.
Analisou a oferta e optou pelo
partido que lhe pareceu com maior probabilidade de ocupar o poder durante mais
tempo inscrevendo-se na juventude partidária. Diligentemente o Alpinista
cumpria as tarefas que lhe eram cometidas e com a sua capacidade discursiva foi
subindo na hierarquia, tendo chegado a um patamar que lhe garantiu um lugar nas
listas de deputados em representação da juventude. Entretanto inscreveu-se numa
daquelas instituições de ensino em que a exigência para certos cursos e para
figuras de algum relevo público não é muito grande, mas que, para compensar, as
notas são mais altas e passou a Dr. Alpinista.
O bom desempenho no aparelho do
partido e a fidelidade canina no Parlamento, levaram-no a uma irrelevante
Secretaria de Estado durante alguns mandatos. Como é natural e imprescindível
tornou-se comentador televisivo onde o seu conhecimento sobre tudologia ampliou
a sua fama.
A sua acção, socialmente
insignificante, mas partidariamente relevante valeu-lhe, à saída do Governo, um
lugar na administração de uma empresa de capitais públicos de uma área que
ignorava por completo.
Alguns, poucos, anos depois o
Alpinista reformou-se, retirando-se para uma das propriedades que faziam parte
do património que, entretanto, tinha adquirido e dedicou-se à escrita.
O livro que produziu,
autobiográfico, rapidamente se transformou num enorme sucesso, tem por título,
“O Manual do Alpinista”.
Sem comentários:
Enviar um comentário