Lê-se no JN que segundo dados da Fenprof
existirão cerca de 32500 alunos sem aulas a todas as disciplinas por falta de
docentes. Este número corresponde a 419 horários por preencher em oferta de
escola e é o dobro do número verificado no ano anterior por esta altura.
Este cenário negro e penalizante para muitos alunos está
obviamente associado a várias legislaturas em que se desenvolveram políticas
públicas de educação no sentido errado, a narrativa insustentável sobre os
professores a mais, a desvalorização das carreiras tornando-as pouco atractivas
para novos professores e produzindo cansaço e desânimo para muitos dos que
estão enquanto não chega a reforma, a asfixiante carga burocrática de docentes
e escolas, etc.
É verdade que a falta de docentes
é também um problema de outros sistemas educativos e não tem resolução
imediata.
No entanto, talvez seja de
recordar o recente relatório da ONU, “United Nations Secretary-General’s High-Level Panel on the Teaching Profession: Recommendations and summary of deliberations”, produzido por iniciativa de António Guterres.
Talvez pudesse inspirar as
políticas públicas de educação para os próximos anos agora que se está a
iniciar um ciclo governativo.
Será de considerar a necessidade
de investimento sério em educação, 6% do Produto Interno Bruto o que está
definido pela UNESCO como meta para 2030, a valorização profissional dos
professores combatendo o risco de “deskilling” ou desprofissionalização através
de mudanças nas exigências da habilitação para a docência, valorização salarial
que recupere a atractividade pela carreira e definição de dispositivos de apoio
ao exercício profissional em contextos mais exigentes. Importa ainda que se
definam carreiras profissionais de forma estável e valorizadas.
As medidas mais recentes nestas
matérias, designadamente no que se refere à formação exigida, e a ausência de
propostas sólidas e concretas nas dimensões referidas no texto da ONU não serão
um bom augúrio.
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