É conhecido o novo governo e, naturalmente, o novo Ministro da Educação, a área de que estou mais próximo. Dado o perfil de Fernando Alexandre aguardo pela divulgação da equipa que formará.
São conhecidas as áreas do
universo da educação que exigem mudanças o que não significa necessariamente
fazer o “novo”, mesmo por um “novo” governo, um novo ME.
Em educação, mas não só, cansa-me
a narrativa da inovação. Mudar algo na forma como se faz ou nos objectivos que
se definem, não é o mesmo que inovar, fazer qualquer coisa de novo, seja lá o que for.
Nestas matérias, talvez de forma
simplista, mas é intencional, penso como Almada Negreiros quando referia na
"Invenção do Dia Claro”, "Nós não somos do século de inventar
palavras. As palavras já foram inventadas. Nós somos do século de inventar
outra vez as palavras que já foram inventadas”. Dito de outra maneira, e
recorrendo a Pedro Abrunhosa, “fazer o que ainda não foi feito” e sabemos que
precisa de ser feito.
O desenvolvimento das comunidades
exige ajustamentos regulares no que fazemos em matéria de educação e em todos
os patamares do sistema. Umas vezes melhor, outras vezes com mais sobressaltos
temos feito um caminho importante e muito mais ainda vamos ter de fazer, mas os
ajustamentos que decorrem da regulação e avaliação não têm que ir atrás da
“mágica” ideia da inovação.
As escolas são o agora, o
presente, e é neste presente que se constrói o futuro. Não existem poções
mágicas em educação por mais desejável que possa parecer a sua existência e
desafiante a chuva de discursos e projectos de inovação.
Também sei, tantas vezes escrevo
e afirmo, que são necessárias mudanças que acompanhem o tempo. As mudanças
reflectem-se em dimensões como currículo e organização, práticas e
metodologias, autonomia, organização e recursos das escolas, valorização profissional
e social dos professores, etc.
Tal como as crianças que só
aprendem a partir do que já sabem, nós também só mudamos a partir do fazemos e
do que sabemos. Este processo assenta num processo que deve ser robusto e
apoiado de auto-regulação e regulação que envolve actores e estruturas, ou
seja, o aluno, o professor, a escola, o ME, o sistema educativo. Dito de outra
maneira, a escola do futuro, seja lá isso o que for, constrói-se valorizando e
cuidando da escola do presente, o futuro é agora.
Como se diz por aqui no Alentejo,
deixem lá ver.
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