quarta-feira, 13 de março de 2024

VÃO ESTRANHOS OS TEMPOS

 Era uma vez um rapaz chamado Normal. Tinha uma vida como a dos rapazes na sua idade. Andava na escola e as suas notas, não sendo muito altas, permitiam que transitasse tranquilamente de ano. No entanto, apesar dos resultados escolares satisfatórios a maioria dos professores achavam-lhe qualquer coisa de estranho que não identificavam de forma clara.

O seu comportamento habitual era o que se poderia esperar dos miúdos naquela fase da sua narrativa. De uma forma geral tranquilo, de vez em quando lá se envolvia num qualquer disparate, mas nada de particularmente preocupante. Também no comportamento, muitos dos adultos que andavam à sua volta pensavam que havia qualquer coisa de esquisito na forma de funcionar do Normal e também não conseguiam ter uma ideia segura sobre o que lhes parecia estranho.

O Normal tinha uma relação serena com os seus colegas embora, como a generalidade dos miúdos, tivesse um desaguisado ou outro que era resolvido de acordo com as regras que os miúdos constroem para as relações entre si. Apesar desta serenidade. as pessoas estavam convencidas que havia algo no Normal que não estava muito bem embora não conseguissem identificar com clareza o que achavam de errado.

A relação do Normal com os adultos, tal como na escola, era habitualmente positiva ainda que por vezes mostrasse alguma reacção menos simpática. Como sempre acontecia com o Normal, muitas das pessoas viam algo de esquisito nas suas reacções.

No fundo, as pessoas já não estão muito habituadas a rapazes Normais, acham estranho e nem se dão conta de quê ou porquê.

Provavelmente, é também por isto que se fala de um novo normal.

Vão estranhos os tempos.

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