Era uma vez um rapaz chamado Puzzle. É um nome um bocado estranho para um rapaz ter, mas era mesmo o nome dele.
Quando nasceu, através de um
exercício frequente nas famílias, descobriram ou quiseram descobrir que ele
tinha os olhos da mãe Maria, a testa e o nariz do pai João, o cabelo do avô
paterno Manuel e a boca da avó materna Leonor.
À medida que crescia o Puzzle
ficava mais complexo, tinha o andar e o feitio do pai João, a maneira doce de
falar da mãe Maria e um ar esperto e atento do avô materno António. Na escola a
esperteza era a da mãe Maria e o comportamento era o do pai João e tinha ainda
a vontade de despachar tudo bem depressa, mesmo se não estivesse muito
perfeito, que era tal e qual o avô Manuel.
O Puzzle foi crescendo e um dia,
um sobressalto daqueles muito grandes, que por vezes a vida proporciona sem se
esperar, fê-lo dar um tombo, um tombo muito sério que deixou o Puzzle bastante
maltratado. Com a energia que a vontade de continuar vivo lhe emprestava,
tentou erguer-se de novo, mas sentiu a maior das dificuldades para juntar
aquelas peças todas de que era feito.
Após muitos esforços e recaídas,
decidiu que ficaria só com aquilo que era seu e até mudou o nome, agora
chama-se Eu.
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