Na imprensa de hoje surge a notícia de que o concurso aberto pelo ME para a reparação de computadores das escolas ficou deserto.
Estamos a três meses da
realização das provas de aferição e exames do básico que pela teimosia do ME
assente no deslumbramento digital se realização em formato digital.
As escolas estão preocupadas, os professores
de informática entendem, naturalmente, que a reparação de computadores, não é
exactamente a sua função e o ME, como habitualmente, diz que os computadores
existentes são suficientes. As notícias referem ainda a possibilidade haver “empréstimos”
de computadores entre escolas.
Tinha alguma esperança de que o
bom senso e a reflexão sobre o que se passa noutros sistemas educativos que
desencadearam uma reflexão e tomadas de decisão relativamente à introdução em
termos excessivos dos recursos digitais pudesse contribuir para um maior
equilíbrio e prudência na utilização destes recursos, designadamente nos
primeiros anos de escolaridade.
Continuam, como hoje se refere, a
existir com demasiada frequência queixas relativas ao acesso a equipamentos por
parte dos alunos, à qualidade dos equipamentos, a insuficiência dos recursos
necessários à adequada utilização dos equipamentos, nas escolas, mas em
particular nas salas de aulas, infra-estruturas eléctricas e rede de net
eficientes, por exemplo. Acresce o problema hoje divulgado relativo à reparação
dos computadores nas escolas.
É ainda de considerar a existência
de uma enorme diversidade na literacia digital dos alunos. Deste cenário podem
decorrer situações sérias de desigualdade entre escolas e entre alunos e todos
conhecemos múltiplas situações que evidenciam a enorme disparidade de recursos
e da sua utilização.
É conhecido também que muitas
famílias recusam receber os computadores pois em caso de problemas serão
responsáveis pelos equipamentos. Nesta situação estão sobretudo famílias com
menores rendimentos o que, naturalmente, não será de estranhar. Uma hipótese
seria que a sua utilização estivesse integrada no seguro escolar.
A Associação Nacional de
Professores de Informática referiu há algum tempo as dificuldades existentes e
também o Presidente do IAVE afirmou já em 2023 que não estavam reunidas as
“condições ideais”.
A tutela, que parece entender que
a realidade é a projecção dos seus desejos, insiste na digitalização, na base
do “vai correr bem” habitual e, por deslumbramento ou por intenção menos clara
insiste nas provas digitais, para já no secundário ainda não.
De facto, o processo de
realização da avaliação em formato digital tem decorrido em modo, ia escrever
“cada tiro, cada melro”, mas como não sou dado às coisas da cinegética e para
prevenir alguma reacção, escrevo, “cada cavadela, cada minhoca”.
Como já aqui escrevi, este
processo não podia correr assim, é mau, muito mau.
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