domingo, 14 de agosto de 2016

VIDAS PRECÁRIAS

Este ano estiveram nas escolas, durante o ano inteiro, 3782 contratados. Em Agosto perdem o vínculo e voltarão a tentar a dignidade do exercício da sua profissão de há muitos anos para a maioria destes professores.
De facto, boa parte destes professores tem uma larga experiência docente e avaliada. Só para dar um exemplo citado na peça do DN sobre esta questão, uma professora já cumpriu  26 contratos em 20 anos de serviço.
Estes professores estão há muitos anos a colmatar “necessidades reais e permanentes” do sistema". Haja seriedade.
Em que outra profissão pode acontecer milhares de pessoas prestarem de forma continuada durante anos, muitos anos, serviço ao mesmo empregador sem aceder a um vínculo estável que lhes permita criar uma imagem de futuro e uma perspectiva de carreira.
Como muitas vezes tenho afirmado, parece-me claro que a questão do número de professores necessário ao funcionamento do sistema é uma matéria bastante complexa que, por isso mesmo, exige serenidade, seriedade, rigor e competência na sua análise e gestão, justamente o que tem faltado em todo este processo desde há muito, incluindo a alguns discursos de representantes dos professores.
Para além da questão da demografia escolar que, aliás, o ME sempre tratou de forma incompetente e demagógica, as necessidades ou o “excesso” de professores no sistema, como entende o MEC, deve ser também e sobretudo analisado à luz das Políticas Educativas em Curso e que começaram, nesta matéria, em Isabel Alçada e tiveram em Nuno Crato o grande promotor da Grande Marcha de milhares de professores para fora do sistema como há dias escrevi.
Dispenso-me de repetir várias dimensões dessas PEC que contribuíram para este cenário.

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