terça-feira, 2 de agosto de 2016

NOTAS BREVES SOBRE AS PROVAS DE AFERIÇÃO

Umas notas telegráficas sobre os resultados das Provas de Aferição ontem divulgados.
Como nota prévia, a afirmação de que continuo pouco convencido das vantagens da sua realização a meio do ciclo. É verdade que se o objectivo definido é a detecção de dificuldades e correcção de trajectórias trata-se de “avaliação diagnóstica” e não de “aferir” saberes ou competências o que deveria ser realizado no final de um ciclo de aprendizagens.
Os resultados embora mereçam atenção devem ser lidos com cautela, apenas 56% das escolas realizaram as provas por decisão sua pelo que a amostra não possui critérios de representatividade.
Os resultados encontrados serão certamente do conhecimento de professores e escolas através dos dispositivos de avaliação interna os mais potentes como reguladores do trajecto dos alunos. É de esperar que as escolas e os professores tentem com os recursos disponíveis responder a fragilidades que vão sendo identificadas desde o início da escolaridade
Parecem justificar particular atenção os resultados de Matemática que tendem a baixar em anos mais avançados e as assimetrias de resultados entre diferentes áreas em Português.
A explicação para resultados escolares, positivos ou negativos, é sempre múltipla e complexa. No entanto, creio que é possível identificar algumas dimensões que me parecem merecer particular atenção e que, aliás, são referências frequentes por parte de professores e directores bem como identificadas em estudos nacionais e internacionais. Sem hierarquizar temos:
Os actuais modelos e conteúdos curriculares parecem desajustados, são demasiado extensos, prescritivos, normativos. A sua organização actual através das metas curriculares, tal como estão definidas, dificultam enormemente a possibilidade acomodar a diversidade óbvia entre os alunos. Um modelo de orientações curriculares do mesmo tipo que o agora aprovado para a educação pré-escolar parece mais ajustado pela flexibilidade permitida.
Em muitas escolas o número de alunos por turma é um problema sério. Eu sei das discutíveis associações directas entre número de alunos por turma e resultados escolares mas também das relações fortes entre o número de alunos por turma e a qualidade de trabalhos dos professores, da sua maior capacidade de diferenciação e do maior tempo disponível para dificuldades dos alunos.
Finalmente, uma das mais eficientes formas de minimizar o risco de dificuldades nos alunos ou de as combater quando detectadas é estruturar dispositivos de apoio suficientes e competentes a alunos e professores que actuem tão cedo quanto possível, incluindo a prevenção em casos já conhecidos de risco.
Do meu ponto de vista, sem alterações ponderadas e competentes nestas dimensões teremos mais dificuldade em melhorar apesar do empenho de professores, alunos e famílias.

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