segunda-feira, 26 de setembro de 2011

TENS QUE IR PARA MEDICINA, ACABOU-SE

Durante a tarde de hoje numa roda onde estava uma miúda de 16 anos, a frequentar o 11º uma escola privada, abordava-se as escolhas dos gaiatos e os cursos superiores.
A Joana contou algumas das suas inquietações e dúvidas e falava do que se propunha estudar, ainda sem decisão definitiva.
Entretanto, contou algumas histórias de colegas de turma que experimentam sérias dificuldades com a pressão dos pais para determinar o caminho a seguir.
Referiu dois miúdos sem vida social porque estão "obrigados" a seguir medicina pelo que todo o tempo é exclusivamente dedicado ao estudo, sendo que nenhum deles exprime a menor motivação pelo curso.
Contou também a história da miúda que está impedida de ir atrás do seu sonho porque o sonho dos pais é um outro e a miúda chora sempre que fala nisto.
A Joana tem uma amiga cujos pais diariamente lhe cobram que se "pagam um escola privada" para ela poder aceder a medicina, adorando a miúda as coisas da engenharia.
Este tipo de situações afecta a vida de muitos miúdos, bem mais do que imaginamos.
Por diversas razões, falta de informação, tradição familiar, nível de empregabilidade percebida, sonho familiar, etc. muitos miúdos são pressionados para correr atrás de sonhos que não são os seus.
Como é evidente, os mais novos precisam de informação e orientação que suportem as suas escolhas, não tenho a menor dúvida.
No entanto, a construção de um projecto de vida positivo, promotor de realização pessoal e profissional tem que obrigatoriamente passar pela escolha pessoal e não pela imposição por terceiros, ainda que bem intencionados, de um outro projecto.
Costumo dizer que quando alguém ao entrar na vida adulta é "empurrado" para uma narrativa que não é a sua pode, com um bocadinho de sorte, aprender a gostar e escrever uma história bonita. Mas se não aprende a gostar do que lhe impuseram vai sofrer um pesado fardo para o resto da sua vida.
Não é animador.

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