sábado, 24 de setembro de 2011

OS ALHOS CHINESES

O Presidente da República voltou a defender o consumo privilegiado de produtos portugueses. Algumas notas. No que respeita aos produtos alimentares, o balanço entre as importações e as exportações de produtos alimentares agravou-se 23.7%. Como exemplo, precisamos de importar 60% da carne que consumimos. Em sectores como os lacticínios e os cereais é também importante o aumento das importações. Há uns tempos atrás encontrei à venda alhos da China no estabelecimento onde nos abastecemos no Meu Alentejo, isso mesmo, alhos produzidos na China. Será possível que não consigamos produzir alhos de molde a não termos de os importar da China?
A partir dos anos 80 sucessivas aplicações completamente selvagens de uma designada PAC - Política Agrícola Comum destruíram quase por completo as relações que nós portugueses tínhamos com a terra e com o mar. Uma criminosa e incompreensível gestão e atribuição de subsídios levou ao abandono das terras, ao encerramento de milhares de pequenas explorações e ao abate de boa parte da frota de pesca, tornando-nos obviamente muito mais dependentes da importação dos bens alimentares.
Este cenário serve, naturalmente, os países europeus com sectores agrícolas fortes e com capacidade política para determinar a criminosa PAC. Com a globalização e com custos de produção baixíssimos, devido a salários miseráveis, também países como a China beneficiam deste estado de coisas.
Por isso, já uma vez aqui afirmei, a aquisição, tanto quanto possível de produtos alimentares produzidos em Portugal parece-me uma questão de cidadania. Sempre que posso, recuso comer laranjas com ar engraxado e de estufa enquanto os produtores algarvios deitam fora laranja de excelente qualidade e sabor mas “descalibrada”, seja lá isso o que for e leite, só mesmo de uma vaca portuguesa, com certeza.
Também sei dos riscos do proteccionismo e não é isso que defendo, trata-se apenas de enquanto consumidores podermos ter uma atitude de análise de preços e origem e, sempre que possível e compensador, comprarmos o que é produzido ou transformado em Portugal. Creio que se assim procedêssemos de forma generalizada, se poderia apoiar a defesa e promoção do emprego nas pequenas e médias empresas.

1 comentário:

anónimo paz disse...

Sou perito em dizer coisas que todo people já sabe.

Aqui vai mais uma...

Os que deram o agrément para a destruição da agricultura e frota pesqueira são os mesmos que hoje dizem para voltarmos a cultivar a terra e virarmos-nos para o mar.

Um deles é o mais alto Magistrado da Nação!

A FALTA DE VERGONHA NÃO TEM LIMITES!!!...


saudações