quinta-feira, 15 de maio de 2008

UM RAPAZ CHAMADO PERFEITO

Há uns tempos conheci um rapaz. Chamava-se Perfeito. Na escola onde andava não havia ninguém como ele. Nas aulas, apenas falava para esclarecer dúvidas ou ajudar os colegas. Pedindo antecipadamente autorização, claro. Os cadernos e trabalhos de casa do Perfeito estavam sempre em dia e bem organizados. Mostrava os conhecimentos esperados sobre todas as matérias. Nos intervalos brincava de forma tranquila, envolvido nos jogos próprios da sua idade. Era simpático para com os colegas, professores e funcionários que, naturalmente, adoravam o Perfeito. Em casa era arrumado com as suas coisas, colaborava nas tarefas e ainda encontrava tempo para ajudar a irmã mais nova nos trabalhos de casa e, até para dia sim, dia não, telefonar aos avós. Gostava de falar com os pais e, por vezes, gostava de se envolver em conversas muito interessantes sobre o que lia no jornal. Não era exigente com a roupa, gostava de ler e ouvir música. Os vizinhos do prédio adoravam o Perfeito, sempre com um sorriso e pronto a ajudar a D. Adosinda com o saco das compras.
Desde há dois meses que não sei nada sobre o Perfeito. Perdi o livro onde ele morava.

4 comentários:

Elfrida Matela disse...

Este texto arrancou-me um sorriso pelo seu desfecho. Estava a achar a história tão perfeita, tão perfeita que, obviamente, não podia passar disso, de uma história.
Fez-me lembrar um amigo meu que, qdo era elogiado, ria-se e dizia: Perfeito, perfeito só Deus! Mas eu sou vizinho dele...

Anónimo disse...

Todos nós sabemos que a perfeição é uma pretensa invenção do homem que nunca passou de uma quimera.

A perfeição só existe na área divina, coisas de Deus, dizem...

Mas todos nós vemos muita miséria e dor neste mundo e nunca o dedo de Deus. Pelo menos para diminuir um pouco que fosse a dor humana.
Se senti o dedo de Deus foi, pelo contrário, para espalhar e agudizar ainda mais o sofrimento dos inocentes, com guerras feitas em nome DELE.

Por isso faz todo o sentido o amigo ter perdido o livro!


Saudações

Anónimo disse...

É contra os meus princípios fazer as coisas ao abrigo do anonimato.
Esqueci-me outra vez colocar o nome: SOU O OLIV.

Anónimo disse...

realmente uma história quase perfeita...
se o livro não se tivesse perdido atrevo-me a dizer que seria mesmo perfeita!

alun@