Mais uma tragédia que vitimou uma criança. Desta vez, no norte de
Portugal, um adolescente de 13 anos que conduzia sozinho uma pickup da família despistou-se
e teve um acidente fatal. Ao que a imprensa relata não seria a primeira vez que
o miúdo conduzia o veículo.
São, como costumo dizer tragédias anunciadas. Lamentavelmente repetem-se.
Continuamos a ser um dos países europeus em que acontecem maior número de
acidentes domésticos com crianças. Nas mais das vezes verifica-se alguma
negligência ou excesso de confiança da nossa parte, adultos, na vigilância dos
miúdos a que se junta a inexperiência e o à vontade próprios de quem não
reconhece adequadamente limites ou não possui ainda as competências necessárias.
A dor e a culpa que alguém pode carregar depois de episódios desta natureza
serão, creio, suficientemente fortes para que deixemos de lado o aspecto da
culpabilização que aqui nada acrescenta.
O que me parece importante sublinhar é que num tempo em que os discursos e
as práticas sobre a protecção da criança estão sempre presentes, também se
verifica um número altíssimo de acidentes, por vezes mortais, o que parece
paradoxal. Por um lado, protegemos as crianças de forma e em circunstâncias
que, do meu ponto de vista, me parecem excessivas e, por outro lado, em muitas
situações adoptamos atitudes e comportamentos altamente negligentes e
facilitadores de acidentes que, frequentemente, têm consequências trágicas.
E não adianta pensar que só acontece aos outros.
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