A existência de uma entidade nacional que recolha, analise e produza informação sobre todas as áreas de funcionamento da comunidade e a todos os níveis, é algo de imprescindível no domínio das políticas e decisões e no domínio da informação e conhecimento bases para uma cidadania de qualidade.
Em Portugal, para além de outras estruturas mais ou menos globais, caso notável da Pordata ou de Observatórios de natureza mais específica, com frequência ligados a estrutras do ensino superior, esta função, entre outras, tem estado de há muito cometida ao Instituto Nacional de Estatística que, aliás, disponibiliza boa parte da informação usada pelas outras estruturas.
Dada a relevância deste trabalho, importa que esta entidade seja autónoma, competente e funcione com os recursos adequados. Só neste quadro se torna possível resistir à enorme tentação que todas as lideranças políticas sentem de lidar com os números e com os dados da forma que em cada circunstância lhes pareça mais favorável. São dispensáveis os exemplos, sejam eles recentes ou mais antigos, desta tortura dos números para que eles digam aquilo que os "torturadores" querem ouvir ou do "esquecimento" ou "manipulação" que dêem à realidade os conteúdos que se desejam.
Nesta perspectiva, é com alguma preocupação que se conhece o alerta do Conselho Superior de Estatística sobre a ameaça séria de que o INE veja comprometidas por cortes orçamentais as condições para o exercício das suas funções, quer em termos internos, quer em termos internacionais.
O Governo, através do Génio Poiares Maduro, já veio desmentir os riscos e afirmar que apesar dos cortes significativos tudo está garantido e em condições para assegurar a normalidade do funcionamento do INE. Com este desmentido e o entendimento habitual do que significa "normalidade", temos mais uma forte razão para nos preocuparmos.
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