terça-feira, 22 de julho de 2025

AUMENTO DA NATALIDADE, UMA BOA NOTÍCIA

Por coincidência curiosa, umas notas relativas à natalidade na data em que fui pai algumas décadas lá para trás. 

Segundo dados do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge e resultantes do “teste do pezinho”, nos primeiros seis meses de 2025, verifica-se um aumento de nascimentos (966) face a 2024 que tinha descido face a 2023. É também relevante que os distritos com maior subida percentual sejam do interior, Bragança, Portalegre e Beja.

Trata-se de uma boa notícia, mas ainda continuamos com um dos mais baixos índices de fecundidade da União Europeia. Acontece ainda que as mulheres são mães cada vez mais tarde e acentua-se a opção das famílias por apenas um filho.

As razões para este cenário preocupante serão múltiplas, mas o “custo” dos filhos em Portugal e a fragilidade das políticas de família terão certamente um peso significativo.

Apesar do programa de gratuitidade nas creches a falta de respostas e recursos a preços acessíveis para o acolhimento a crianças dos 0 aos 3, creches ou amas, e dos 3 aos 6 anos, a educação pré-escolar, constitui-se como um dos grandes obstáculos a projectos familiares que incluam filhos, levando aos conhecidos, reconhecidos e preocupantes baixos níveis de natalidade.

A alteração dos estilos de vida, a mobilidade e a litoralização do país, levam à dispersão da família alargada motivando a que os jovens casais dependem quase exclusivamente de respostas institucionais que, ou não existem, ou são demasiado caras.

É sabido que nos últimos anos muitas famílias sentiram enormes dificuldades em assegurar a permanência dos miúdos nas creches por razões económicas, assim como o acesso a uma vaga.

Neste quadro, a intenção actual de garantir o acesso à educação pré-escolar aos três anos e criar respostas acessíveis, física e economicamente, às famílias para as crianças dos zero aos três anos é imprescindível e urgente.

A promoção de projectos de vida familiar que incluam filhos implica também intervir nas políticas de emprego e protecção do emprego e da parentalidade, de forma séria, na discriminação e combate eficaz a abusos e a precariedade ilegal, na inversão do trajecto de proletarização com salários que não chegam para satisfazer as necessidades de uma família com filhos e custos elevados na educação apesar de uma escolaridade dita gratuita. É ainda importante perceber que o cenário actual e o que se perspectiva em matéria de política de imigração, por incompetência, xenofobismo e ignorância se repercutirão nos índices de natalidade que importa recuperar.

Estão a nascer mais crianças, precisamos de mais crianças, mas não podemos falhar no seu futuro.

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