domingo, 2 de março de 2025

UMA VIAGEM NO TEMPO, OS MATRAQUILHOS

 Uma peça do Público de hoje deixou-me surpreendido e, simultaneamente, levou-me numa viagem no tempo que, como sabem, é uma tentação frequente dos mais velhos.

Li que a campeã mundial de matraquilhos é portuguesa, Ângela Silva, da Covilhã, sendo que existem outros praticantes de alto nível.

Na verdade, desconhecia a existência desta modalidade enquanto tal e o desempenho notável alguns praticantes. Aqui fica a felicitação.

Por outro lado, andei muito para trás no tempo, a entrada na adolescência quando os matraquilhos era uma actividade muito comum para muitos de nós.

Não tínhamos telemóveis, computadores e mesmo os brinquedos mais sofisticados estavam longe das bolsas de muitos pais, incluindo os meus.

Os matraquilhos eram uma tentação, mas também era preciso ter a moedinha. Muitas vezes fazíamos viagens a pé de casa para Almada ou volta para poder jogar aos “matrecos”.

Lembro-me de em Almada jogar no café Ver Cruz e ter a sorte de ter um parceiro, o Zé Miguel, cigano, que era uma máquina a jogar à frente e eu desenrascava-me na defesa. Muitos lanches tivemos à conta da habilidade ofensiva do Zé Miguel e, claro, da minha solidez defensiva.

Também na minha terra, Feijó, nome muito referido diariamente nas rádios de devido às filas de trânsito para a ponte 25 de Abril que estão muitas vezes perto das pontes do Feijó, jogávamos matraquilhos na Tasca do Manel.

Recordo ainda os matraquilhos porque, ainda miúdo, conseguíamos tirar, por assim dizer, uma bola para, imaginem, jogar hóquei em patins, modalidade em alta naquele tempo.

Claro que ninguém de nós tinha patins nem sticks. Recorríamos a uns talos de couve com uma curva que pudesse fazer de stick ou construíamos em madeira, solução mais frágil.

Eram tempos outros. Quando conto estas histórias aos meus netos fico com a sensação de que estão a ouvir (imaginar) ficção científica ao contrário.

Que a Ângela Silva e todos os praticantes sejam bem-sucedidos.

HISTÓRIAS DO SIMÃO - 3 - A VOLTA DOS ESPARGOS

Aproveitando as férias de Carnaval eu e o meu irmão viemos estar estes dias no monte dos meus avós no Alentejo.

Na sexta-feira a minha avó foi de comboio de Vila Nova da Baronia a Almada e voltou com a gente. Gostamos muito de fazer esta viagem de comboio.

Hoje, como não estava a chover de manhã, eu, o meu avô e o um irmão fizemos a voltinha dos espargos que é dar uma volta ao monte a apanhar os espargos.

Agora há muitos e são muito bons mexidos com ovos e em cima de uma fatia de pão torrado com azeite.

Às vezes é difícil apanhar porque os espargueiros têm muitos picos. Levamos luvas de cabedal, um sacho e um saco para trazer.

Às vezes alguns espargos dão trabalho a apanhar porque estão no meio de espargueiros grandes.

Agora que está a chover vamos ficar em casa e ler o livro que vou apresentar num trabalho da escola. 



sábado, 1 de março de 2025

AS CONTAS QUE NUNCA DÃO CERTO

 Afinal, as contas não estavam certas.  No recentemente divulgado o estudo do Edulog, “Necessidade de Professores: Deficit ou ineficiência na gestão da oferta de ensino?”, era referida a existência de 40% de escolas do 1.º ciclo com menos de 15 alunos, número que parecia não corresponder à realidade, como diferentes directores escolares referiram.

Ao que agora é afirmado pelo Prof. David Justino, coordenador do estudo, terá havido “um problema na extracção dos dados” que motivou sobreposições na contagem das escolas.

De acordo com a leitura do Movimento Escola Pública, também os dados relativos ao ensino profissional não corresponderão ao cenário real.

É notável que numa área como a educação e seja qual for a matéria em análise, as contas quase nunca batam certo, tal como as realidades descritas nem sempre coincidem com as realidades observadas. Embora o erro possa acontecer, a justificação que me ocorre para tantos episódios é …, não pode ser, seria mau demais.