quinta-feira, 20 de março de 2025

FAZER PERGUNTAS À CONTA, A HISTÓRIA DO ALGORITMO

 Com alguma regularidade acompanho os meus netos na realização dos TPC. Felizmente, não me parecem excessivos, mas não é o que agora está em causa.

Num dos últimos dias, perguntei ao Tomás, 3º ano, se tinha TPC e queria que os realizássemos juntos.

Concordou e disse que havia TPC de Matemática. Pega na mochila e no caderno e diz-me que tinha contas para fazer com o algoritmo. Fiquei curioso e ainda mais atento.

O trabalho era resolver quatro operações, soma, subtracção, multiplicação e divisão. Uns dias antes tinha-me dito que já tinha aprendido a divisão, a que faltava no arsenal do conhecimento matemático.

Fui acompanhando o trabalho atento ao algoritmo.

Com rapidez e sucesso, atestado pela calculadora do meu telemóvel, as três primeiras operações rapidamente estavam feitas.

Então começou a magia da divisão feita com o algoritmo que espero conseguir explicar.

“Montou” a conta da forma clássica, quatro ou cinco algarismos no dividendo e um no divisor, creio que o primeiro algarismo era 6, depois um 5 e o divisor era 4.

Então começa realização da conta. Com ar sério pergunta à conta, “Qual é o número que na tua tábua (a do 4), que dá 6 ou próximo?”. E, é notável, inclina a cabeça e “ouve“ a resposta da conta. Escreveu o 1 no quociente que multiplicou pelo divisor e subtraiu ao 6, deu 2. Em seguida, diz, agora o 5 (o número no dividendo a seguir ao 6) vai entrar na conta, e “baixou” o 5 para o lado do 2 e voltou a perguntar, inclinando a cabeça para a conta “qual é o número na tua tábua que dá 25 ou próximo?”, o 24: Escreveu 6 no quociente, multiplicou pelo divisor e subtraiu ao 25. E convidou o número seguinte no dividendo a entrar na conta. E assim continuou até a completar de forma acertada.

Face à minha estranheza relativa ao método, o diálogo com a conta e com os algarismos, quis fazer mais algumas e, naturalmente, as últimas já as realizava sem inclinar a cabeça para “perguntar à conta”, perguntava a si próprio.

Tantos anos no mundo mágico da educação ainda me consigo surpreender com a magia de professores e alunos, ou seja, a magia do ensinar e do aprender.  

Protejam e valorizem este mundo mágico com políticas públicas adequadas, com valorização dos profissionais e numa perspectiva de equidade e oportunidade para o sucesso educativo de todos os alunos.

É, “só” o futuro que está em jogo, com algoritmo ou sem algoritmo.

O Tomás e todos os outros, estão a caminho.

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