Com alguma regularidade acompanho os meus netos na realização dos TPC. Felizmente, não me parecem excessivos, mas não é o que agora está em causa.
Num dos últimos dias, perguntei ao
Tomás, 3º ano, se tinha TPC e queria que os realizássemos juntos.
Concordou e disse que havia TPC
de Matemática. Pega na mochila e no caderno e diz-me que tinha contas para
fazer com o algoritmo. Fiquei curioso e ainda mais atento.
O trabalho era resolver quatro operações,
soma, subtracção, multiplicação e divisão. Uns dias antes tinha-me dito que já tinha
aprendido a divisão, a que faltava no arsenal do conhecimento matemático.
Fui acompanhando o trabalho
atento ao algoritmo.
Com rapidez e sucesso, atestado pela
calculadora do meu telemóvel, as três primeiras operações rapidamente estavam
feitas.
Então começou a magia da divisão
feita com o algoritmo que espero conseguir explicar.
“Montou” a conta da forma
clássica, quatro ou cinco algarismos no dividendo e um no divisor, creio que o
primeiro algarismo era 6, depois um 5 e o divisor era 4.
Então começa realização da conta.
Com ar sério pergunta à conta, “Qual é o número que na tua tábua (a do 4), que
dá 6 ou próximo?”. E, é notável, inclina a cabeça e “ouve“ a resposta da conta.
Escreveu o 1 no quociente que multiplicou pelo divisor e subtraiu ao 6, deu 2.
Em seguida, diz, agora o 5 (o número no dividendo a seguir ao 6) vai entrar na
conta, e “baixou” o 5 para o lado do 2 e voltou a perguntar, inclinando a
cabeça para a conta “qual é o número na tua tábua que dá 25 ou próximo?”, o
24: Escreveu 6 no quociente, multiplicou pelo divisor e subtraiu ao 25. E convidou
o número seguinte no dividendo a entrar na conta. E assim continuou até a
completar de forma acertada.
Face à minha estranheza relativa
ao método, o diálogo com a conta e com os algarismos, quis fazer mais algumas
e, naturalmente, as últimas já as realizava sem inclinar a cabeça para “perguntar
à conta”, perguntava a si próprio.
Tantos anos no mundo mágico da
educação ainda me consigo surpreender com a magia de professores e alunos, ou
seja, a magia do ensinar e do aprender.
Protejam e valorizem este mundo mágico com políticas públicas adequadas, com valorização dos profissionais e numa perspectiva de equidade e oportunidade para o sucesso educativo de todos os alunos.
É, “só” o futuro que está em
jogo, com algoritmo ou sem algoritmo.
O Tomás e todos os outros, estão
a caminho.
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