sábado, 22 de março de 2025

O FASCÍNIO DO COMBOIO

 Li no Público um extenso trabalho sobre os planos da CP para criar novas rotas e redesenhar uma rede que representará ”uma verdadeira revolução ferroviária no país”.

Gostava mesmo de acreditar que algo de substantivo possa acontecer, mas vivendo por cá 70 anos o optimismo tem sido progressivamente revisto em baixa.

No entanto e se alguma coisa de significativo acontecer sei que os meus netos irão apreciar, adoram ir para o Alentejo de comboio ainda que, lá está, os horários não sejam muito amigáveis

Durante muitos anos, sempre que podia as minhas idas a Aveiro, Coimbra, Porto ou Braga no âmbito da actividade universitária realizavam-se de comboio.

As viagens de comboio sempre foram para mim um fascínio desde miúdo, ainda gosto do embalo da viagem De vez em quando ainda recorremos ao comboio e à serenidade e tranquilidade que, quase sempre, as viagens de comboio permitem. Registo, no entanto, que não é possível uma viagem directa de Lisboa para Beja, importa trocar de comboio em Casa Branca. Mas Beja também só é uma capital de distrito.

É também verdade que, não raramente, os atrasos pregam partidas, mas ainda assim gosto do comboio.

Aliás, creio que boa parte das pessoas terá ainda algum encantamento pelos comboios e as viagens. Acho mesmo que este encantamento é uma das tarefas da infância e perdura pela vida, provocando sempre alguma nostalgia, independentemente da maior ou menor utilização.

A verdade é que, irresponsavelmente, em muitas regiões do nosso país, sobretudo no interior, temos vindo assistir a um continuado fechamento de linhas.

A ferrovia foi sendo substituída pelo asfalto da auto-estrada numa opção política que deixou populações com problemas de acessibilidade e custos, encerrou linhas em troca de auto-estradas desertas que foram um bom serviço prestado aos parceiros privados das respectivas PPP e um mau serviço às comunidades e ao erário público.

Eu gostava, insisto, de acreditar na notícia de hoje relativa aos planos da CP. Mas, provavelmente, não se conseguirá contrariar o progresso, a modernização e, sobretudo, o mercado.

Deixem lá ver, como se fala aqui no meu Alentejo. 

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