Li no Público um extenso trabalho sobre os planos da CP para criar novas rotas e redesenhar uma rede que representará ”uma verdadeira revolução ferroviária no país”.
Gostava mesmo de acreditar que
algo de substantivo possa acontecer, mas vivendo por cá 70 anos o optimismo tem
sido progressivamente revisto em baixa.
No entanto e se alguma coisa de
significativo acontecer sei que os meus netos irão apreciar, adoram ir para o
Alentejo de comboio ainda que, lá está, os horários não sejam muito amigáveis
Durante muitos anos, sempre que
podia as minhas idas a Aveiro, Coimbra, Porto ou Braga no âmbito da actividade universitária
realizavam-se de comboio.
As viagens de comboio sempre foram para mim um fascínio desde miúdo, ainda gosto do embalo da viagem De vez em quando ainda recorremos ao comboio e à serenidade e tranquilidade que, quase sempre, as viagens de comboio permitem. Registo, no entanto, que não é possível uma viagem directa de Lisboa para Beja, importa trocar de comboio em Casa Branca. Mas Beja também só é uma capital de distrito.
É também verdade que, não raramente, os
atrasos pregam partidas, mas ainda assim gosto do comboio.
Aliás, creio que boa parte das pessoas terá ainda algum encantamento pelos comboios e as viagens. Acho mesmo que
este encantamento é uma das tarefas da infância e perdura pela vida, provocando
sempre alguma nostalgia, independentemente da maior ou menor utilização.
A verdade é que, irresponsavelmente, em
muitas regiões do nosso país, sobretudo no interior, temos vindo assistir a um
continuado fechamento de linhas.
A ferrovia foi sendo substituída
pelo asfalto da auto-estrada numa opção política que deixou populações com
problemas de acessibilidade e custos, encerrou linhas em troca de auto-estradas
desertas que foram um bom serviço prestado aos parceiros privados das
respectivas PPP e um mau serviço às comunidades e ao erário público.
Eu gostava, insisto, de acreditar
na notícia de hoje relativa aos planos da CP. Mas, provavelmente, não se
conseguirá contrariar o progresso, a modernização e, sobretudo, o mercado.
Deixem lá ver, como se fala aqui no meu Alentejo.
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