quarta-feira, 12 de março de 2025

DA ESCOLARIDADE OBRIGATÓRIA, GRATUITA E UNIVERSAL

 Li no CM que o Governo decidiu não obrigar à devolução no final do ano lectivo dos manuais escolares que no início do ano foram entregues a todos os alunos do 1.º ciclo.

No próximo ano serão entregues novos manuais a todos os alunos

Como já tenho escrito, seria desejável que sempre assim tivesse sido, mas ainda é uma decisão acertada no final da vigência do MECI.

De qualquer forma e a propósito de manuais e materiais escolares é importante recordar que no quadro constitucional vigente estabelece-se no Artº 74º (Ensino), “Na realização da política de ensino incumbe ao Estado: a) Assegurar o ensino básico universal, obrigatório e gratuito;"

Desta leitura resulta de forma clara a vinculação do Estado ao providenciar a escolaridade obrigatória de forma gratuita, não “tendencialmente gratuita” como na área da saúde.

Acontece que, como já temos referido, a escolaridade obrigatória nunca foi gratuita nem universal pois, apesar da evolução registada, temos ainda situações de abandono, de dificuldades em muitas famílias acentuando-se nos contextos familiares de crianças ou jovens com necessidades especiais. Apesar dos apoios da Acção Social Escolar o acesso aos materiais escolares e a resposta às diferentes necessidades que a frequência da escola implica, muitas famílias sentem grandes constrangimentos.

Em tempos tão difíceis como os que atravessamos sendo um dos países europeus com assimetria significativa na distribuição da riqueza e quando, mais do que nunca, importa defender a educação e escola pública, é fundamental prevenir o risco acrescido de potenciar a instalação de condições de insucesso escolar, abandono e, finalmente, da dificuldade de acesso à qualificação, um fortíssimo contributo para a mobilidade social.

Não podemos falhar.

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