Em todos os tempos nos cruzámos com pessoas que mendigam. Actualmente, por razões óbvias, volta a aumentar o número daqueles que precisam da ajuda de terceiros para sobreviver. Creio que, de uma forma geral, dividimos esse grupo em dois subgrupos. O primeiro é o que podemos chamar dos pedintes antipáticos, onde, provavelmente, se incluem, por exemplo, aqueles arrumadores a quem damos uma moeda convencidos de que se transformará em droga e de que nos riscarão o carro se resistirmos à generosidade. Onde também, provavelmente, se incluirão aqueles indivíduos, por vezes estrangeiros, que nos assediam insistentemente nos semáforos ou nas ruas. Frequentemente, trata-se de mulheres com crianças, sempre uma boa opção.
O outro grande grupo de gente que pede é o que designo de transparente, ou seja, os que preferimos não ver. São pessoas, geralmente, velhos ou desempregados, com dois olhos tão tristes e tão pesados que até dói enfrentar. Assumem uma postura tão despojada e embaraçada que nos deixam mais embaraçados. Muitos deles conseguem, ainda, evidenciar uma dignidade tão estranha que nos intimida e se torna difícil suportar. Este grupo, que, muitas vezes, “recusamos” ver e evitamos cruzar o seu caminho, daí chamar-lhe transparente, é, sobretudo, a face mais visível do falhanço mais estrondoso do mundo actual, a pobreza.
E, como sabemos, não é fácil assumir e encarar os nossos falhanços.
O outro grande grupo de gente que pede é o que designo de transparente, ou seja, os que preferimos não ver. São pessoas, geralmente, velhos ou desempregados, com dois olhos tão tristes e tão pesados que até dói enfrentar. Assumem uma postura tão despojada e embaraçada que nos deixam mais embaraçados. Muitos deles conseguem, ainda, evidenciar uma dignidade tão estranha que nos intimida e se torna difícil suportar. Este grupo, que, muitas vezes, “recusamos” ver e evitamos cruzar o seu caminho, daí chamar-lhe transparente, é, sobretudo, a face mais visível do falhanço mais estrondoso do mundo actual, a pobreza.
E, como sabemos, não é fácil assumir e encarar os nossos falhanços.
2 comentários:
Um dia, há muito tempo, em pleno Rossio, vi um homem. À primeira vista, um pedinte como tantos outros: o corpo coberto de andrajos, o cabelo longo, a barba por fazer. Estava sentado no chão, encostado a uma parede. Mas o que o distinguia dos outros, era um letreiro que trazia pendurado ao pescoço: "QUERO CASAR". E um olhar triste. Aproximei-me dele, intrigada. Meti conversa. "Sabe, menina, eu quero casar, sim. Sinto-me tão só!Preciso de uma companheira...". Era um outro tipo de pobreza. Pobreza de amor, pobreza de calor humano. Nunca mais vi aquele homem. Será que arranjou alguém?...
O PEDINTE DO ANTIGAMENTE
Alguns séculos atrás, em todas as casas dos senhores feudais havia a mesa dos pobres, localizada em algum recanto da cozinha.ERA UMA MESA ESPECIAL! Por razões de hierarquia e por razões de higiene: Não se podia impor aos criados o contacto com a lama, a poeira, a sujidade, o mau cheiro e as doenças dos pobres.
Assim, na ordenação daquele pequeno mundo do qual o DONO DA CASA era a cabeça, os miseráveis também tinham o seu lugar que ficava um pouco abaixo dos criados, um pouco acima dos cães.
Actualmente a diferença é (pouco) perceptível, mas a pobreza é a mesma e persistente: PARA VERGONHA DOS HOMENS!
Saudações
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