quarta-feira, 11 de junho de 2008

UMA ESTRADA PERIGOSA

Estamos a entrar num estrada complicada e perigosa. O primeiro grande sinal foi a mega-manifestação com 100 000 professores realizada a 8 de Março. Como tive oportunidade de escrever, o movimento de contestação da classe docente ficou claramente fora do controlo das estruturas sindicais, tal como surpreendeu e assustou o ME. Como consequência óbvia, estabeleceu-se um “entendimento” dentro da habitual fórmula “ganhámos todos” mas que permitiu, sobretudo, reconduzir a contestação do sector para o controlo institucional, os sindicatos e, assim, tornar-se gerível pelo Ministério.
Em seguida tivemos a pesca. Curiosamente, a contestação é liderada basicamente pelos armadores, a entidade patronal. Mais um acordo estabelecido.
Agora temos os transportes rodoviários. Mais estranho ainda, enquanto a estrutura representativa dos empresários do sector, a ANTRAM, está em negociação com o governo, são outros empresários que lideram a contestação e paralisam o país, servindo-se dos trabalhadores, os camionistas, que, devido às particularidades deste segmento, são também frequentemente trabalhadores/patrões. Este movimento está, obviamente fora de controlo e, por isso, de contornos e consequências imprevisíveis. Já tivemos oportunidade de assistir em directo a ameaças à integridade de camionistas que recusam parar, bem como a ameaças à segurança dos veículos e mercadorias transportadas. É um caminho perigoso e perto da delinquência.
É nestas alturas que se exige liderança e capacidade política. Negociar o que é negociável, apoiar o que pode e deve ser apoiado sem colocar em causa o interesse comum e, aspecto fundamental, firmeza e autoridade na defesa dos direitos, liberdades e garantias. Se assim não for, o futuro sair-nos-á ainda mais caro.

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