terça-feira, 22 de setembro de 2015

MEGA-AGRUPAMENTOS = MEGA-PROBLEMAS

O JN de hoje refere o aumento do número de turmas com alunos de vários anos de escolaridade e a opinião de dirigentes escolares relativamente aos efeitos negativos dos mega-agrupamentos. Acresce que este ano, tal como nos anteriores, se continua a verificar que o número de alunos com necessidades educativas especiais que podem frequentar a mesma turma não está a ser respeitado como também não é respeitada a diminuição do número de alunos nessas turmas.
Nada de novo, sempre referi que os mega-agrupamentos criam mega-problemas.
Recordo que o Relatório TALIS (Teaching and Learning International Survey) de 2013, produzido pela OCDE, referia que Portugal apresentava um número médio de alunos por escola, 1152, que é mais do dobro da média dos países da OCDE, 546.4. Notável.
De há muito que me refiro aos riscos da política de construção de mega-agrupamentos e mega-escolas que se subordinam a lógicas de contabilidade e gestão política do sistema diminuindo o número de direcções escolares.
É conhecido e reconhecido que um dos factores mais contributivos para o insucesso, absentismo e problemas de disciplina escolar é o efectivo de escola. Não é certamente por acaso, ou por desperdício de recursos, que os melhores sistemas educativos, lá vem a Finlândia, só para citar outra vez um exemplo recorrentemente apresentado como referência de qualidade, mas também outros países, veja-se  pg. 285 do Relatórioque optam por escolas com dimensões médias da ordem dos 500 alunos.
Sabe-se, insisto, de há muito, que o efectivo de escola está mais associado aos problemas que o efectivo de turma, ou seja, simplificando, é pior ter escolas muito grandes que turmas muito grandes, dentro, obviamente, dos limites razoáveis.
É certo que o MEC faz o pleno, aumenta o número de alunos por escola e o número de alunos por turma, como é hábito o Ministro Nuno Crato cita ou ignora estudos, experiências e especialistas, nacionais ou internacionais, conforme a agenda que lhe é favorável.
As escolas muito grandes, com a presença de alunos com idades muito díspares, são autênticos barris de pólvora e contextos educativos que dificilmente promoverão sucesso e qualidade apesar do esforço de professores, alunos, pais e funcionários. Recorrentes episódios e relatos de professores sustentam esta afirmação.

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