terça-feira, 1 de setembro de 2015

A VIRGEM OFENDIDA. NOTÍCIAS DA CAMPANHA TÓXICA

O Dr. Paulo Rangel mostrou-se surpreendido com a “desmesurada” reacção às suas palavras sobre a justiça pronunciadas na “Universidadede Verão” do PSD. As reacções críticas a uma intervenção completamente desastrada e politicamente inaceitável emergiram mesmo do seu próprio partido.
A reacção de virgem ofendida é a única previsível pois a com esta gente não é de esperar um acto de contrição e um pedido de desculpas. Por outro lado, uma conversa mais própria de crianças dizendo com as pestanas a tremer e com os olhos no chão “foi sem querer” também já não é de esperar.
A questão é porque surge aquele discurso quando temos décadas de experiência em Portugal com gente de todas as cores envolvida ou acusada de envolvimento em esquemas de manhosos. Só para citar alguns e correndo o risco de ser injusto deixando nomes importantes de fora é de recordar, Oliveira e Costa, Valentim Loureiro, Isaltino Morais, Fátima Felgueiras, Dias Loureiro, Duarte Lima, João Rendeiro, Luís Filipe Meneses, Miguel Relvas ou os mais recentes Armando Vara, José Sócrates ou Marco António.
Podemos colocar algumas hipóteses.
1 - O Dr. Paulo Rangel é um daqueles políticos que quando fala de improviso, sem papel, corre o risco da asneira. Num político vindo do direito e com grande experiência de deputado é pouco provável.
2 – O Dr. Rangel sentiu-se numa plateia de gente nova à procura de heróis e não resistiu à tentação de vestir uma pele de Rambo justiceiro, sem medo de nada nem de ninguém, a disparar a sério, para que os jotinhas ficassem impressionados com o personagem. Será de considerar esta explicação.
3 – O Dr. Paulo Rangel disponibilizou-se a fazer o “dirty work”. Os mentores da campanha entenderam que aquele tipo de afirmações deveria ser feito pois renderia votos. Como é evidente, repare-se nas declarações seguintes de Passos Coelho, este não poderia proferir afirmações daquela natureza mas era preciso que "o povo” as ouvisse. Paulo Rangel decidiu-se a este “trabalho sujo” por amor ao partido e fidelidade ao chefe.
Sem a experiência dos politólogos e opinadores profissionais inclino-me para uma mistura entre a segunda e terceira hipótese. A pré-campanha eleitoral altamente tóxica em que parece valer tudo em termos de demagogia, despudor e promessas pode, para alguns dos estrategas justificar o recurso a este tipo de artilharia pesada. Como também é claro, há sempre alguém disposto a fazer este trabalho sujo  que será, evidentemente, devidamente recompensado.
Será que não merecemos melhor?

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